Se é para ser real...
Porque eram tantas as datas, porque eram das mãos vazias mais doze dias. E a vontade de incinerar seus dedos numa fogueira de segredos, absurda sintonia entre um pedaço de matéria e o vômito que de suas letras insistia ser melodia...
E porque lá pelas tantas ao meio dia, o sol ao certo as costas lhe daria. Era preciso a mesa posta, o prato, o retalho, alhos e bugalhos sob um olhar que poderia ser parede onde o nada, só o nada escorria.
E por tantos outros motivos e por nenhum deles seu dia mudaria, recolheu as palavras do varal, estendeu sonhos, um a um esticados ao sal da realidade. A sua realidade, a única e certeira adaga a sangrar da carne a ilusão de que nuvens são feitas de algodão, a única a dizer-lhe na cara que finais felizes eram minoria.
Por tudo isso num rasgo de ironia, os sonhos, aqueles estendidos secaram ao relento tal qual panos velhos que já sabiam não ter mais serventia.
Sob o chicote da razão atravessou as horas, os dias, as noites enquanto em um canto de sua alma, morriam as poesias...