Foi meu pai quem me contou.
FOI MEU PAI QUEM ME CONTOU.
Conto por Honorato Ribeiro.
Com a intendência controlada e dominada pelo caudilho, embora a polícia lhe atormentasse, mas as rédeas estavam seguras em suas mãos fortemente. Ele até que tinha vontade de fazer uma boa administração voltada à cultura. Começou a escavação do alicerce de um grupo escolar, onde hoje é o prédio de Dílson Viana. Eu ainda alcancei e brinquei muito de esconder com os colegas de esconder dentro das cavidades donde fizeram para a construção do alicerce do prédio. Foi assim que, em 1933, o coronel João Correia Duque sendo homenageado, em Cocos, pela professora Elizabeth Saldanha, numa solenidade festiva, convidou-a para que ela mudasse para Carinhanha para lecionar numa escola pública. E assim foi que, Manuel Pereira da Silva, conhecido por Manoel Feio, o qual não gostava de alguém o chamar por esse nome, veio morar em Carinhanha trazendo a sua filha, filhos e esposa. Antes, lá pelos anos de 1928, ele fundou uma filarmônica com a regência de João Viana, pai de Patápio e Gabriel. Foi nessa filarmônica que Seu Antônio Leite, pai de Edésio foi músico de trompa e depois saxofone.
Mas o que quero narrar é uma história que eu já contei, embora fosse a mesma história, mas essa, de fato é a mais verdadeira, pois, seu Antônio Leite contou várias vezes a seu filho Edésio e ele me narrou assim:
“Meu avô, pai de meu pai, morava na Praia. Carinhanha estava cheio de jagunço. De vez enquanto havia atritos de rixas políticas entre os contra que eram adversários do coronel. O meu avô veio à cidade e, quando chegou ao sangradouro, deparou-se com um grupo de jagunços armados. Ele então pediu a eles para não fazer nada com o filho dele, Antônio Leite, que vinha trazendo um jumento carregado de lenha para entregar numa certa casa que o dono havia encomendado. Era tempo em que se cozinhava no fogão à lenha. Antônio Leite era um garoto trabalhador que ajudava o pai vendendo lenha. Ele contava apenas 12 anos de idade. Quando o garoto entrou na cidade deparou-se com os ditos jagunços, mas um deles disse: “Não façam nada com o garoto, pois o pai dele me pediu”. Antônio Leite passou e ouviu alguns tiros na direção da praça da igreja. Ele entregou a lenha e saiu puxando o jumento passando pela rua da beira do rio e subiu na ladeira da Rua do Coité. Ele, ainda com medo de bala perdida, puxando o jumento pela corda, entrou numa casa velha. Que susto enorme ele levou! Havia um homem morto todo cheio de bala. Ele foi às pressas quase assombrado, pois nunca viu alguém morto sendo assassinado.”
Agora irei contar o caso de um soldado que castraram, cujo relato eu já contei em um dos meus livros. Assim Edésio me contou essa historio que seu pai Antônio Leite contara para ele: “A filarmônica de João Duque, dirigida por João Viana, os jovens músicos tinham o costume de tocar seresta com a banda. Só tinha um soldado, metido a valente que pegava o fuzil e corria com a turma de músicos. Mas, numa boa ocasião, foram tocar e o tal soldado, já acostumado com suas ameaças, foi armado de fuzil, para impedir os músicos a tocar. Antônio Leite era um dos músicos. Então resolveram enfrentar o soldado. Agarraram-no, desarmaram-no, e castraram-no. Quem fez o serviço, também era músico, foi Miguelzinho pedreiro, conhecido por Miguelzinho de dona Margarida. Deixaram estendido no chão e foram contar ao coronel João Duque”. Este lhes disse: “Não vai haver nada contra você; para isso eu tenho homens armados para lhes garantir”. (Honorato Ribeiro dos Santos, historiador da história de Carinhanha escreveu esse relato, no dia 18 de abril de 2012).
hagaribeiro.