A ESCOLA
- Biá, tu te lembra daquela tua escola? A professora: Meninos o Brasil é muito, muito, muito rico. Tem riquezas colossais. E tu: Professora, que é colossais? A mestra: Mas, menino! E o nosso ouro e o nosso café e o nosso Conselheiro Ruy Barata? Escreva no quadro.
- Mas, professora, e o giz?
- Então no caderno: o Brasil...
- Nem um tico de papel que dirá caderno, professora.
- Tome papel, escreva a lápis.
- Lápis?
Que é que tinha naquela escola? O inspetor chegava. A professora com aquela cara de quem sempre jejuava, vexada, gaguejando:
- Inspetor, nem unzinho material escolar? Estou sem um toco de giz.
- Providenciaremos, providenciaremos. Já decoraram o Hino?
E a mestra voltava a ensinar que o Brasil... Vamos decorar o Hino, criançada. Os meninos cabeceavam, sequinhos, ou roíam seu torrão de terra, a ponta da caneta, muitos vindo de longe, remando, do de comer só o ar do rio, só, sem um torrão de açúcar, um xibé. As letras viravam aquela rosca no balcão, o pão na canoa ligeira, a farinha pesando na balança do Delfim, cuspiam. Não cuspam no chão, mal-educados! Cantem. Nossa terra tem mais flores. A professora: Vamos meninos. Biá voltava, remando, apanhava pelo rio algum taperebá que ia roendo, roendo até chegar no jirau da barraca onde o periquitinho lhe beliscava o dedo. Em casa o pau de lenha à espera do aracu que o pai há de trazer ─ peixe anda arisco, arisco. Veio a mãe, amarela, seco e solto o cabelo, um trapo em cima da pele, verme até os olhos.
- Mamãe, por que diz qie o Brasil é tão rico e a gente....
VOCABULÁRIO:
Colossais: Enormes, agigantadas
Vexada: Envergonhada, acanhada