Podia-se dizer que era amor. Talvez fosse, ou não.

Imprescindível, não? O olhar bifurcado procurando os olhos alheios ao mesmo tempo que retorna aos lábios. Descomunal. A sensação de êxtase que lhes sobem pelos poros do corpo, ligando polo à polo, como se tivessem sido feitos com cargas opostas. Enroscados. A boca vermelha que não parava de falar; silvando. Arrepios. Mãos delineando individualmente cada canto. Subindo, descendo; apertando, arranhando. Podia-se até dizer que era algo mais forte que o simples desejo da carne ascendendo-se ao ápice de dois seres. Podia-se, mas não se sabia. Quem arriscaria? Envolver-se sem conseguir desatar o nó. Jogar lenha ao fogo apenas por diversão. Por assim dizer, quase cintilavam, de maneira que os defeitos de um fossem moldados a parecerem perfeitos para o outro e vice-versa.

Fosse o que fosse, apenas era bom de mais para que fosse verdadeiro, esse louco inconfundível desejo.

A H
Enviado por A H em 20/01/2012
Reeditado em 12/06/2012
Código do texto: T3450931
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