Podia-se dizer que era amor. Talvez fosse, ou não.
Imprescindível, não? O olhar bifurcado procurando os olhos alheios ao mesmo tempo que retorna aos lábios. Descomunal. A sensação de êxtase que lhes sobem pelos poros do corpo, ligando polo à polo, como se tivessem sido feitos com cargas opostas. Enroscados. A boca vermelha que não parava de falar; silvando. Arrepios. Mãos delineando individualmente cada canto. Subindo, descendo; apertando, arranhando. Podia-se até dizer que era algo mais forte que o simples desejo da carne ascendendo-se ao ápice de dois seres. Podia-se, mas não se sabia. Quem arriscaria? Envolver-se sem conseguir desatar o nó. Jogar lenha ao fogo apenas por diversão. Por assim dizer, quase cintilavam, de maneira que os defeitos de um fossem moldados a parecerem perfeitos para o outro e vice-versa.
Fosse o que fosse, apenas era bom de mais para que fosse verdadeiro, esse louco inconfundível desejo.