A culpa é minha

E eu vim pensando nas coisas que fiz. Nas coisas que falei. Em como eu agi. E fiquei pensando também nas coisas que você não fez, naquelas palavras que você não disse e porque não agiu da maneira que tinha que ser. Por que?

Então caminho pelas ruas desertas, em noites escuras, sinto um vazio dentro de mim. Podia culpar o mundo pela minha solidão, mas eu sei que a única culpada sou eu. O mundo ainda não tem culpa se eu amo demais.

Eu finjo que não amo ninguém. Mostro para todos que sou tão superior, que nem eu mesma suporto a minha auto-suficiência. Sou tão segura – mas tão incrivelmente segura – que não preciso de ninguém. Nem de homem nenhum. Depois de tantos tropeços, descobri que deve ser por isto que eles têm medo de mim. Homem não suporta mulher forte, nem quando a força é de mentirinha. Eles acham interessante no início, acham o papo legal. Depois, caem fora de mansinho, saem pela tangente e vão sempre atrás das mesmas, as menininhas doces e prendadas, que acabam casando e enchendo de chifre depois. Você é assim. Mais um entre tantos. Achei que você se destacaria no meio da multidão. Não foi nem capaz de perceber que dentro de mim existe uma mulher que pode ser frágil algumas vezes, sim. Você desapareceu da minha vida tão rápido quanto surgiu. Os chamados no celular pararam, os e-mails desapareceram da caixa postal… no início até achei que você tinha morrido. Depois, resolvi aceitar que realmente eu havia sido descartada.

O que será que eu falei? O que será que eu fiz? De quem é a culpa, afinal? Será que é minha por idealizar um amor que nunca existiu? Por que a gente é assim? Me ensinaram que eu devia ser uma mulher forte e independente e quando finalmente consegui conquistar – com um baita esforço - esta bandeira, descubro que sou incompetente no amor. Que coisa.

Que coisa triste, sim. Mas eu não me abato. Eu sigo meu caminho, aprendendo, errando, caindo, me levantando de um pulo só. A vida segue, ela não me espera. Eu não fico para trás.