Sem olhar para trás (EC)
Todos lhe diziam que era loucura o que estava fazendo. Chamaram-na de irracional. Ninguém podia acreditar que uma mulher jovem e bem sucedida, de repente largasse tudo para viver como uma ermitã. Desistiu de explicar, de fazê-los entender que estava dando o passo mais acertado de sua vida. Não, ela não estava fugindo. Se tivesse que fugir de alguém seria dela mesma e isso era absolutamente impossível. Onde ela fosse teria que acompanhar-se. Pelo contrário, não estava fugindo, estava buscando a si mesma – queria saber mais de si própria, descobrir-se verdadeiramente, saber realmente quem era, analisar os próprios sonhos para descobrir se eram dela mesma ou ilusões vendidas pelo mercador chamado Vida. Foram muitas às vezes em que, para fechar a conversa extenuante dissera: Se o que fiz é sinal de que estou louca considere que é preferível estar louca a ser racional. Por fim ambos desistiram, ela e os outros. Os outros, de tentar fazê-la mudar de opinião, ela, de explicar. No fundo, no fundo, em um lugar bem escondidinho, onde só ela tinha acesso, sabia – um dia mudaria de opinião. Só pessoas inteligentes mudam a direção do próprio pensamento, da vida. Mas isso só cabia a ela decidir. E agora percebia: a hora de partir tinha chegado. Um novo caminho se anunciava. Precisava apenas cuidar do que precisava ser cuidado, ordenar o que ficaria desordenado com sua partida. Seus cães. Precisava encaminhar cada um deles, deixa-los protegidos. Ela os cativara, criaram laços que precisavam ser desatados com carinho, um a um. Só levaria com ela um deles – o Sustinho, desse era impossível desligar-se. Estavam unidos para sempre. Não, ela não sabia ainda da partida, mas sabia que aconteceria. Percebia os sinais. Queria estar preparada, quando a hora chegasse os dois iriam embora, Sustinho e ela. Sem olhar para trás. Como viera. O caminho é sempre para frente. Sempre...
Tema: Se é loucura, então, melhor não ter razão.
Sugerido por Pedro Galuchi
Leia os outros autores que escreveram sobre o mesmo tema em:
http://encantodasletras.50webs.com/seeloucura.htm
Todos lhe diziam que era loucura o que estava fazendo. Chamaram-na de irracional. Ninguém podia acreditar que uma mulher jovem e bem sucedida, de repente largasse tudo para viver como uma ermitã. Desistiu de explicar, de fazê-los entender que estava dando o passo mais acertado de sua vida. Não, ela não estava fugindo. Se tivesse que fugir de alguém seria dela mesma e isso era absolutamente impossível. Onde ela fosse teria que acompanhar-se. Pelo contrário, não estava fugindo, estava buscando a si mesma – queria saber mais de si própria, descobrir-se verdadeiramente, saber realmente quem era, analisar os próprios sonhos para descobrir se eram dela mesma ou ilusões vendidas pelo mercador chamado Vida. Foram muitas às vezes em que, para fechar a conversa extenuante dissera: Se o que fiz é sinal de que estou louca considere que é preferível estar louca a ser racional. Por fim ambos desistiram, ela e os outros. Os outros, de tentar fazê-la mudar de opinião, ela, de explicar. No fundo, no fundo, em um lugar bem escondidinho, onde só ela tinha acesso, sabia – um dia mudaria de opinião. Só pessoas inteligentes mudam a direção do próprio pensamento, da vida. Mas isso só cabia a ela decidir. E agora percebia: a hora de partir tinha chegado. Um novo caminho se anunciava. Precisava apenas cuidar do que precisava ser cuidado, ordenar o que ficaria desordenado com sua partida. Seus cães. Precisava encaminhar cada um deles, deixa-los protegidos. Ela os cativara, criaram laços que precisavam ser desatados com carinho, um a um. Só levaria com ela um deles – o Sustinho, desse era impossível desligar-se. Estavam unidos para sempre. Não, ela não sabia ainda da partida, mas sabia que aconteceria. Percebia os sinais. Queria estar preparada, quando a hora chegasse os dois iriam embora, Sustinho e ela. Sem olhar para trás. Como viera. O caminho é sempre para frente. Sempre...
Tema: Se é loucura, então, melhor não ter razão.
Sugerido por Pedro Galuchi
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