SUA MAJESTADE, O REI DA PRIMAVERA

Por um erro na escrita, acidental ou não, o nosso heroi não recebeu nome de rei. U – Átila... se tirássemos o malfadado “U”, estaria feito o acerto, seria então, o rei dos Hunos. Mas esses detalhes burocráticos a serem resolvidos no cartório, pouco importam para quem é obstinado por natureza. Decidiu ser rei. Assim o fez!

Deu-se o causo, então: O mês era setembro. Ótimo! Setembro, 23, início da primavera. Festa planejada na escola, gincana do meio ambiente, eleição e desfile do rei e da rainha da festa, tudo a culminar na semana da criança. Entra aqui, o nosso menino... Jovenzinho inquieto, sem travas na língua, beirando a má criação, mas inteligente, cheio de atitude e determinação. Quando ouviu proferidas da boca da professora as palavras, objetos do seu desejo onipotente, não teve a menor dúvida: “serei eu, o único rei deste lugar, ou ninguém mais será.” Sentiu-se um abalo císmico de 9º na escala Richter lá pras bandas da Borracha!

Acontece assim com quem nasce para fazer a hora. Não pede, não espera... Como os predadores de maior destreza, sai à procura, sai à caça: escolhe o objetivo, mira, se esgueira e ataca. Se não consegue de cara, não desiste, se prepara para reiniciar a perseguição. Nesse ponto o Imperador dos Hunos e o menino tinham muito em comum...

Esses seres luminosos já nascem driblando todo tipo de adversidade na vida, ao contrário dos reis que vivem abastadamente, o valente Huno, aqui descrito, nasceu foi na periferia mesmo e não teve branduras na vida, não. Conheceu de perto o sofrimento, a falta de conforto, de amparo, a dureza de trabalhar desde tenra idade e chegar em casa com o suado recebimento do dia para ajudar nas despesas... Venceu várias batalhas, assim como o seu quase xará, o monarca europeu.

Para aumentar ainda mais a cobiça do jovenzinho, correu à boca miúda que o prêmio para o vencedor do concurso seria uma tarde no cinema com direito a todos os acompanhamentos que o passeio requeria. E há quem duvide de uma vontade do tamanho do mundo, quando brotada do fundo de um ser?!

Não é para duvidar mesmo, pois o garoto fez que fez, deu nó em pingo d’água, afiou as garras e subiu pelas paredes! E é claro que realizou o seu sonho! Tornou-se o Único Imperador pelas bandas donde o fato ocorreu. Foi ovacionado por todos os camaradas. Não houve quem não se contagiasse com a sua vitória, pois ele mesmo era a imagem da altivez, da alegria e do orgulho... orgulho de ter vencido os seus próprios limites, as suas privações e de ter se tornado com honras e glórias “O Rei da Primavera”.

Fabiana Gusmão
Enviado por Fabiana Gusmão em 16/10/2011
Reeditado em 16/10/2011
Código do texto: T3280470