Encantamento

Estava sentado e lia, mas a curiosidade era tamanha que não se continha, desviava o olhar do livro para ela que escrevia, concentrada e possivelmente não o notava. Apesar de estarem apenas os dois na sala.

Olhava rápido, receoso de ser pego com as “butucas” em cima dela. Dava uma olhadela e voltava os olhos para o livro. Muito linda! Não de uma beleza superficial e vulgar, mas ela tinha todo um conjunto de belezas: altiva, sóbria, corpo esbelto cabelos longos cacheados, um timbre de voz perfeito, usava óculos de lentes quadradas que lhe transmitia um q de intelectual. Simplesmente encantadora!

Vontade de puxar conversa, mas não era do tipo que puxa conversa com mulheres encantadoras sem se atrapalhar, sem deixar que a conversa despencasse para o silêncio aterrorizante e vexaminoso. Sempre acontecia isso quando puxava assunto com alguém.

Ficou só na vontade. Não quis estragar o encantamento. Afinal, essas coisas de encantamentos são assim, se você se aproxima do objeto de encanto, ele se quebra.

E viver sem encantamento é muito deprimente. Bom seria viver eternamente encantado por que o encanto é um anestésico contra a realidade. Estando encantados passamos pelos tropeços da vida e nem sentimos dor.

Em 29/06/2010

Taciturno Calado
Enviado por Taciturno Calado em 09/08/2011
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