O começo (EC)
O apartamento está situado em um dos melhores pontos de Copacabana, entre dois espigões. É um apartamento antigo, de cômodos grandes, em um edifício pequeno, com três andares: no térreo, garagem, o apartamento de zelador. Seis apartamentos no total, o mais bem localizado, primeiro andar, de frente para o mar é o dela. Viveu ali desde que nasceu, com os pais e irmãos. Com o tempo os irmãos foram cuidar da própria vida, os pais morreram e ela ficou ali, apenas com Ele. Mas um dia Ele também foi embora e então, ela ficou completamente sozinha, naquela casa imensa e vazia. Conheceu então a solidão.
Foram eles que a convidaram para ir até ao povoado, para a Festa anual do padroeiro. Eles, o zelador e sua mulher, Teresa. Tê trabalhava com ela um dia por semana, ainda nos tempos dos pais vivos, ainda no tempo dEle. E se condoia de sua tristeza. Ela aceitou e foram. Só que ela nunca mais voltou.
Chegaram de véspera ao povoado e ela se encantou. Tudo ali lhe lembrava a velha fazenda da qual tivera que cuidar logo após a morte do pai. O ar era puro e os sons naturais. Era um povoado muito pequeno e eles ficaram hospedados na casa que Tê herdara da família. Uma sala de visitas, uma sala de jantar, a cozinha e o banheiro. Três quartos, tudo bem pequeno e parcamente mobiliado. O povoado ainda não estava completamente abandonado. Umas seis famílias ainda viviam por ali e eram responsáveis pela preparação da festa que duraria três dias: de sexta a domingo. Logo se enturmou e participou, naquela mesma noite, da decoração das ruas com bandeirinhas coloridas. Ajudou a enfeitar a Igreja e visitou o cemitério. E conheceu a pedra na beira do rio, a pedra que dá nome ao povoado: Pedra das Flores. Porque ali, junto dela havia uma árvore em floração.
Na segunda pela manhã quando já estavam prontos para partir,as malas em seu carro, ela criou coragem e pediu para ficar. Seria só uns dias, disse. Poderiam voltar no seu carro e virem buscá-la no final de semana. Mas quando chegaram no final de semana ela já estava pronta para ficar ali mais uns tempos. A mudança já estava decidida e concretizada. Apenas fizeram uma troca: Tê e Zeca passariam a viver em seu apartamento e ela ali e cada uma cuidaria do espaço da outra. Seis anos se passaram e ela em nenhum momento pensara em voltar. Nunca mais voltou ao Rio nem para buscar suas coisas.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - A Mudança
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/amudanca.htm
Este texto faz parte do romance A Mulher Ensombrada
O apartamento está situado em um dos melhores pontos de Copacabana, entre dois espigões. É um apartamento antigo, de cômodos grandes, em um edifício pequeno, com três andares: no térreo, garagem, o apartamento de zelador. Seis apartamentos no total, o mais bem localizado, primeiro andar, de frente para o mar é o dela. Viveu ali desde que nasceu, com os pais e irmãos. Com o tempo os irmãos foram cuidar da própria vida, os pais morreram e ela ficou ali, apenas com Ele. Mas um dia Ele também foi embora e então, ela ficou completamente sozinha, naquela casa imensa e vazia. Conheceu então a solidão.
Foram eles que a convidaram para ir até ao povoado, para a Festa anual do padroeiro. Eles, o zelador e sua mulher, Teresa. Tê trabalhava com ela um dia por semana, ainda nos tempos dos pais vivos, ainda no tempo dEle. E se condoia de sua tristeza. Ela aceitou e foram. Só que ela nunca mais voltou.
Chegaram de véspera ao povoado e ela se encantou. Tudo ali lhe lembrava a velha fazenda da qual tivera que cuidar logo após a morte do pai. O ar era puro e os sons naturais. Era um povoado muito pequeno e eles ficaram hospedados na casa que Tê herdara da família. Uma sala de visitas, uma sala de jantar, a cozinha e o banheiro. Três quartos, tudo bem pequeno e parcamente mobiliado. O povoado ainda não estava completamente abandonado. Umas seis famílias ainda viviam por ali e eram responsáveis pela preparação da festa que duraria três dias: de sexta a domingo. Logo se enturmou e participou, naquela mesma noite, da decoração das ruas com bandeirinhas coloridas. Ajudou a enfeitar a Igreja e visitou o cemitério. E conheceu a pedra na beira do rio, a pedra que dá nome ao povoado: Pedra das Flores. Porque ali, junto dela havia uma árvore em floração.
Na segunda pela manhã quando já estavam prontos para partir,as malas em seu carro, ela criou coragem e pediu para ficar. Seria só uns dias, disse. Poderiam voltar no seu carro e virem buscá-la no final de semana. Mas quando chegaram no final de semana ela já estava pronta para ficar ali mais uns tempos. A mudança já estava decidida e concretizada. Apenas fizeram uma troca: Tê e Zeca passariam a viver em seu apartamento e ela ali e cada uma cuidaria do espaço da outra. Seis anos se passaram e ela em nenhum momento pensara em voltar. Nunca mais voltou ao Rio nem para buscar suas coisas.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - A Mudança
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Este texto faz parte do romance A Mulher Ensombrada