O Melhor Presente
Certo dia um garoto que já se fazia velho me contou uma história.
Ele juntava o dinheiro que seu pai lhe mandava lá de longe, e guardava para manter seus gastos. Morava com a avó e ela era aposentada.
O aniversário da velhinha chegou e o dia amanheceu tão nublado. O garoto constatou que tinha 320,00 que juntou com muito esforço durante meses e decidiu ir comprar um forno elétrico para a avó, facilitando assim a sua vida na cozinha já que ela estava bem velha.
No canteiro do ônibus o garoto contava os minutos para que chegasse logo na loja e comprasse o presente para a avó. Vez ou outra via o sorriso da avó ao receber.
Desceu do ônibus e começou a chover. Chovia muito, muito mesmo. Ele decidiu passar em uma lojinha e comprar um guarda chuva que lhe custou 8,00. Guardou 2,00 no outro bolso e os 310,00 ele iria comprar o forno elétrico.
Ia. Foi assaltado. Estava chovendo e sequer viu quem o assaltou. Os pingos de chuva se misturaram com as lágrimas que lamentavam os meses de dinheiro guardado para uma possível alegria de sua avó.
Decidiu então ir embora na chuva já que nem dinheiro para o ônibus ele tinha. Espera... tinha sim! 2,00 guardados no outro bolso. Decidiu não pagar a passagem.
Para não chegar de mãos atadas em casa, comprou um cartãozinho de aniversário e escreveu: Vó, eu te amo!
Chegou em casa molhado, depois de quarenta minutos de caminhada. A família foi visitar a avó e ela soprou velinhas em um bolo não muito grande.
Ninguém levou presentes. Era velha, não precisava.
O garoto então lhe entregou o cartãozinho. Antes que ela pudesse ler, um primo dele chegou com um forno elétrico para ela. Ele não sabia onde enfiar o rosto!
Passaram-se quatro meses e a avó encontrava-se adoecida num leito de hospital. Pediu para chamar o garoto já que estava beirando a morte.
- Diga vó!
- Eu gostaria de te agradecer.
- Pelo que? – O menino estava chorando.
- O mundo está tão moderno que não se valoriza mais a escrita. Aquelas máquinas que vocês chamam de computador e celular para mim é tão incomum, estranho!
- Não estou entendendo vó...
- Nós, da minha idade, nos sentimos muito excluídos do mundo de hoje, com tantas tecnologias... Eu só precisava de um Eu te Amo escrito a mão para me sentir mais viva.