Domingão, o mago do violão.
DOMINGÃO, O MAGO DO VIOLÃO.
Conto de Honorato Ribeiro.
Domingos Pereira dos Santos, que deveria ter o sobrenome de Domingos Ribeiro dos Santos, erro no registrar em cartória, era o meu irmão mais velho. Sua profissão era padeiro, mais como amador era um grande violonista, que jamais terá outro igual nessa terra do Glorioso São José. Quando surgiu a vitrola e o disco de cera de carnaúba, veio com grande sucesso, Waldir Azevedo, com seus chorinhos de cavaquinho, sendo acompanhado pelo famoso violonista Dilermando Reis. Então, eu e o domingão, assim conhecido pelo povo carinhanhense, íamos à casa do seu Zeca Lima, um dos ricaços, ouvir os chorinhos, que depois de ouvir atentamente, nós íamos tocar nos bares com os mesmos estilos e precisão que ouvíamos no disco. Domingão criava acordes maravilhosos e os bordões - sexta, quinta e quarta cordas coversavam. Seu dedo polegra era uma metralhador e os dedos do arpejos eram movidos rapidamente como os clássicos violonitas fomosos de hoje. Aprendi mais de 50 chorinhos de Waldir Azevedo começando por Brasileirinho, Baião Delicado, Vê se gosta e outras que encantavam a plateia. Ma o que eu quero falar mesmo é de sua piadas inventadas, quando estava cheio do pau. Certa vez nós fomos tocar numa festa de noivado numa fazenda que se chamava BURACO. Depois do pedido de noivado ouve o brinde: Vinho importado. Cada um que recebeu a taça de vinho teria de dizer um LOA. Loa é um versinho de quetro estrofe rimado. Todos resitaram as que já eram conhecidas. Nenhuma era inédita. Chegou a vez de Domingão. Ele cheio do pau, pegou a taça, ergueu e disse em improviso:
"Viva o noivo e viva a noiva,
viva todos que estão presntes.
Viva o povo do Buraco
e viva o buraco da gente.
Palmas e gargalhadas encheram o ambiente.
Faliceu no dia 2 de fevereiro de 1992, e está tocando lá no céu com os anjos e arcanjos que também são músicos excelentes.
hagaribeiro.