O bem-te-vi.
O BEM-TE-VI.
Conto de Honorato Ribeiro.
Sabe quem gosta bastante de bem-te-vi? É o vaqueiro Sabino. Sabino fica horas a fio olhando o bem-te-vi sobre o dorso do seu cavalo catando carrapatos. Caminha placidamente no lombo do cavalo até a cabeça e cata um por um carrapato que se cuide. O bem-te-vi olha e vê as orelhas do animal quadrúpede cheias de carrapatos e ele almoça satisfeito. Mas quem fica mais satisfeito é Sabino, pois não precisa comprar carrapaticida para acabar com os carrapatos do seu cavalo. Seu amigo bem-te-vi é bem melhor do que a droga química vendida aos criadores de gado. Quem gosta também é o cavalo de Sabino. Ele acha que bem-te-vi é carinhoso. Cada bicada do bem-te-vi é um carinho gostoso; bem melhor do que comer capim.
Que lindo é o canto do bem-te-vi! Ele canta chamando o seu próprio nome. Todos repetem a mesma melodia. Como eles são unidos até no cantar! Todos cantam a mesma melodia e comem carrapatos ainda fazem carinho coçando o animal. Mas quando surge o gavião para o atacar ele faz piruetas no ar, ziguezagues escapando do gavião e Sabino que vê a malandragem e a esperteza do bem-te-vi “passando mel na boca do gavião” e Sabino, satisfeito rir à beça.
Gavião faz parte do ecossistema, pois ele come serpente que come rã, e jia. Mas bem-te-vi como insetos nocivos que atacam a lavoura e animais. Mas o vaqueiro Sabino, que não sabe ler, sem querer e sem saber usa agrotóxico que mata animais nocivos à lavoura, mas pode, também, matar os bem-te-vis.
Para mim o bem-te-vi estudou música de Pixinguinha ou de Altamiro Carrilho, pois tem gosto suave e melodioso de um chorinho bem brasileiro. Não é à toa que gravaram “Bem-te-vi Atrevido” que é um choro acompanhado por violão de sete cordas, cavaquinho, pandeiro, solado por flautista como Altamiro Carrilho. Os poetas amam a natureza; os compositores também. Todos são ecológicos e compõem músicas populares e eruditas com nome de pássaros como: Tico-tico no Fubá, choro alegreto... “Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho”... Que coisa linda! Assum Preto, Asa Branca, pois, cada um com seu canto onomatopaico cantam e alegra a floresta que é seu habitat.
hagaribeiro.