Voo em busca do segredo da vida
Um menino comum, cabelos castanhos, sedosos, lindas mãos e um olhar carregado de vida. Era assim que todos o tratavam. Impossível não vê-lo sem positivas adjetivações. Sua inteligência transcendia o talento dedicado ao piano, canto lírico, a fluência do francês e a concepção ligeira da originalidade no seu pensamento.
Ninguém pensava como ele, nunca acreditavam, nem ele mesmo. Tanto talento em uma pessoa tão repleta de humanidade e encanto. Qual defeito? De onde tudo? Por quê? A genialidade mostra-se inexplicável quando a dúvida poderia abstrair o fascínio da introspecção singelamente sublime.
O mundo a cada dia menor e as calças já não lhe serviam mais. Aos 18 anos o primeiro carro – a gente nunca esquece -, um porre na balada com os amigos até o amanhecer do dia. A meiguice de Luís continuava, mas agora dividia os holofotes com a namorada Fernanda tão talentosa quanto ele. Humilde e generosa.
No banco da sacada do prédio de casa, ainda se conserva menino, porque ninguém fala quando não há o que dizer. E as palavras nessas horas são como o vento que passeia pela face sem se apresentar. A multidão embaixo não espera nada, correm com a voracidade do uso espontâneo de seus dias. E ele, certo de que as respostas lhe encontrariam perdido no espaço entre o vento e o asfalto.