Dengue é fogo



Dengue é fogo
 
Acordei com diversas dores no corpo. Só podia ser a danada da dengue. Todo mundo só fala nela, jornal, rádio e televisão... Caso você não tenha assunto, e já gastou o “que calor” de hoje, não tenha dúvidas, fale da dengue que é assunto certo.
 
A Amélia percebendo que eu tinha acordado começou a roçar seu pé no meu. Como sou esperto percebi que ela estava tentando espantar o danado do mosquito da dengue para longe.
 
Ela gemia algumas palavras que não conseguia entender. Começou até a morder minha orelha. Rapidamente pensei, ela também pegou dengue. Deve estar com febre, delirando. Então falei:
- Levanta mulher, vamos pro chuveiro!
 
Logo ela respondeu: Legal você quer variar. Mas vamos começar aqui mesmo, apaga uma parte do meu calor aqui!
 
- Variar? Respondi
Minha mãezinha sempre me falou que para baixar febre alta rápido, o bom é um banho de chuveiro.
- Aqui não dá. Respondi. Continuando: para sua chama tem que ser no chuveiro, e rápido.
 
-Sim, falou ela, e continuando: Eu preferiria aqui na cama mesmo, mas já que você quer no chuveiro, eu também quero. Você é danado mesmo, mas se prepara porque estou uma brasa, você vai precisar mostrar que ainda és aquele homem que conheci a muitos anos.
 
Inteligente como sou, rapidamente pensei: Trazer água fria até aqui, na cama, vai deixar tudo uma lama só. No chuveiro a água espalhará rapidamente pelo corpo todo e depois é só secar.
 
Como ela estava, com certeza, febril relevei a frase dela e ordenei: -Vamos já para o chuveiro.
 
- Puxa Rafael, você também está ardente?
 
Na hora respondi: Você é que está ardendo em calor, você está delirando de fogo.
 
- Sim estou em fogo, e quero que você o apague.
 
- Como um cavalheiro retruquei: - Mas é lógico paixão, no chuveiro apago seu fogo e a chama que arde em você vai diminuir.
 
Ao pegar minha amada na cama, ela me agarrou com uma força danada.
- Calma Amelinha, relaxa, confia em mim, seu fogo vai acabar e você vai voltar ao normal.
 
Amelinha inquieta repetia: - Começa a apagar agora mesmo, eu te imploro. Vai... Não me deixa mais louca do que estou...
 
-É por isso que estamos indo para o chuveiro... Para apagar de vez a chama que te queima. Você verá que depois a loucura que se apossou de você acaba. Você está louca... Você está com sua mente tomada pela febre que arde em seu corpo...
 
- Febre!!! Gritou ela.
- Como não desejava criar mais dificuldades, retruquei: - Sim a febre que queima em seu corpo. No chuveiro tudo vai passar.
 
- Há!! Entendi sua metáfora... “Me leva” logo então...
 
No caminho ela se esfregava em mim. Apertava-me, me alisava... Eu sentia que a febre estava tomando sua mente e que ela já estava delirando. Então falei: - Você está delirando.
 
- Sim estou delirando. “Me ajuda”... Apaga logo o fogo que queima em meu corpo.
 
Entrei no chuveiro e ela queria tirar minha roupa. De forma firme falei. - Para com isto... Deixa a água fria esfriar sua febre...
 
- Eu não estou com febre nenhuma. Você está maluco. Já que você não quer apagar o meu fogo, vou na farmácia que o “Jocelino” farmacêutico sabe como apagar meu fogo....
 
Ela saiu correndo, ainda molhada... Passado varias horas, eu já estava preocupado com o que poderia estar acontecendo com minha Amelinha, e ela entrou pela pequena porta de nossa sala.
 
- Viu só. Falou ela. O “Jocelino” apagou meu fogo.
 
Como não sou trouxa mandei de volta na hora: Isto não vale, ele tem todos os remédios. Ele estudou mais do que eu. E mesmo assim ele levou mais de quatro horas apagando seu fogo. Da próxima vez, trago ele aqui para você não ter que ir até lá.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 06/04/2011
Reeditado em 06/04/2011
Código do texto: T2893474
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