O Louco e o Jasmineiro
Contrastando com o branco das flores do jasmineiro, que lhe dava sombra, ele vestia sempre preto.
No sol do verão sertanejo assombrava-me as mangas compridas e a calça grossa, como se o frio sulista fosse chegar logo por ali.
Quis saber sua história, já que no décimo terceiro dia de minha estada na casa de parentes, o tédio da cidade pequena começava a incomodar e aquela jovem criatura devia ter algo de interessante para preencher os dias que ainda estavam por vir.
Passar o dia sentado em uma cadeira à sobra de um pé de jasmim vestindo negro não era normal, não para mim.
A explicação era simples. Ele é louco! Disse-me minha tia, sem meias palavras.
Certo. Ele era louco, isto eu tinha percebido. O que eu queria saber era o porquê daquele comportamento. Qual o motivo de vestir sempre negro e com tantas árvores mais frondosas por que ele escolhia a que menos lhe protegia do sol.
Na verdade ele tinha mais idade do que aparentava. Trinta e quatro anos e a onze tinha entrado em depressão até chegar à loucura. A doença foi segundo dizem, em consequência do suicídio de sua noiva, que não se sabe por que motivo resolveu se enforcar no pé de flores tão belas. Estavam de casamento marcado e a festa planejada nos mínimos detalhes se transformou em velório poucos dias antes da data prevista.
Segundo os conhecidos do rapaz, ele começou a visitar amiúde o jasmineiro e com o passar do tempo e o agravamento da doença também a vestir-se de preto, em luto constante pela amada morta.
Gostaria de ter sabido o motivo do suicídio, mas segundo o que se sabe a noiva levou o segredo para o túmulo.
Não foi uma história muito animadora para complementar umas férias sem sal, mas pelo menos serviu para esquecer um pouco a monotonia do lugar e pensar que o amor dele devia ser verdadeiro ou um caso de doença degenerativa aguda do cérebro. Prefiro a primeira hipótese, é mais romântica e termina de maneira menos brutal esse texto. O amor sempre será o melhor dos sentimentos, até quando transforma homens sãs, em homens loucos de amor.