UM PRÊMIO ÚNICO
Um prêmio único!
Sou um camarada legal e tenho uma ótima presença, boa parte dela deriva de minha inteligência ser acima da média. Irradio muita simpatia de meus quase um metro e meio de altura. Todos os meus amigos sabem que podem confiar em mim. Minha humildade não me deixa parecer arrogante.
Amigos! Tenho muitos. Eles são muito legais, mas tem o péssimo comportamento de colocar apelidos que nada tem de comum com as pessoas. Vejam só, meu apelido é “Anen”. Vem de um tal de anencefálico. Eu nem conhecia ele, ou o que seria este tal de anencefálico.
Conversando com o Juvenal do açougue, que é muito esperto, ele me explicou que seria algo a ver com cérebro. Desde este dia fiquei mais confortável com o apelido: era óbvio que meus amigos perceberam o meu brilhantismo intelectual.
...
Era uma manhã ensolarada de uma terça-feira do início de janeiro deste ano. O sol parecia nos querer mandar para o inferno. Vento! Nem pensar, o calor era tanto que nem o vento tinha forças para andar. Na rua, eu caminhava sofrendo o peso daquele calor.
Um senhor me parou, e diretamente falou: o senhor foi selecionado para ser nosso ganhador único. Ele, se apresentou como José. Bem vestido. Bem falante. Foi logo se identificando como representante de campo de uma empresa multinacional, uma tal de “Stupid International Corporation”. É uma empresa especializada em selecionar pessoas de destaque para concorrer a prêmios. Ele me falou que eu estaria concorrendo a um prêmio ótimo, se desejasse participar. Ele deixou claro que não teria de pagar absolutamente nada para concorrer, e que se eu fosse inteligente eu com certeza ganharia o prêmio. Ele falou também que eu me encaixava no perfil desejado, tanto física quanto intelectualmente.
O físico, me falou ele, era perfeito. Pensei em silêncio: Meus amigos sempre me chamavam de baixinho, vejam só, fui escolhido por ter um físico perfeito. Eu não tenho culpa se meus amigos é que cresceram um pouco acima da média.
O perfil intelectual teria que ser checado. Faria-me algumas perguntas e eu tinha que acertar todas as respostas. Ele tinha uma pasta, e validaria minhas respostas contra o que ele tinha anotado.
Neste momento, buscando maior privacidade, ele solicitou que procurássemos um local mais discreto e tranqüilo, uma vez que tudo deveria ser mantido em sigilo absoluto, para que não vazasse o meu prêmio.
Caminhamos um pouquinho e encontramos um lugar ideal, um beco vazio.
Ele voltou a me lembrar que eu somente ganharia o prêmio se respondesse tudo corretamente. Ele aproveitou para me falar que o prêmio seria um carrão, destes modernos, um tal de “alfa centauro”, inclusive com ar condicionado de fábrica. Eu comentei que não conhecia o modelo, mas que um carro é sempre um carro.
Falei para mim mesmo: vai ser fácil. Eles não me conhecem. Se soubessem meu apelido já teriam procurado outro.
Enquanto conversávamos chegou uma outra pessoa. Este tinha um ar pesado, bastante assustador. O representante do concurso comentou: Pode relaxar, ele é o auditor especial certificado pela “intenational boarding” para dar crédito ao concurso, e avalizar a conquista do prêmio.
-Mas ele está armado. Falei.
-Não fique preocupado, ele está armado para nossa segurança. O seu prêmio é muito caro. É quase impossível dizer o preço de uma estrela, quero dizer, um carro alfa centauro.
Naquele momento pensei: eu sou realmente uma pessoa de sorte.
Aquele dia seria perfeito se não fosse pelo final do dia, mas vou deixar para comentar sobre isto no fim deste texto.
Eu estava ali, prestes a ganhar um prêmio, e tinha até um tal de auditor para confirmar tudo.
O cavalheiro começou:
- Não erre nada. Qualquer erro e você perderá o seu prêmio.
Eu falei: Pode deixar, o prêmio já é meu.
-Qual o seu nome completo?
-Juvêncio Bartolo de Abreu Silva.
- Data de nascimento?
-23 de setembro de 1968.
O representante anotava tudo, na presença do auditor.
- Como estão minhas respostas? Acertei tudo até agora?
- Sim, mas ainda faltam várias questões, e você não pode errar nenhuma. Qual o nome de sua mãe?
-Márcia Otoni da Silva.
- Do seu pai?
- Paulo Bartolo de Abreu Silva
- Residência?
Neste momento tomei um susto. Residência! Para que eles querem saber da residência? Pensava rápido uma resposta, pois eu não sabia o que é esta tal de residência, como responder sobre o que não sei. Pensei... Decidi pedir ajuda.
- Posso pedir ajuda? Falei.
-Normalmente não, mas você está com sorte. Aproveita para pedir.
- O que é residência?
- Há! Desculpe, realmente é uma palavra difícil. Vem do inglês... lá do acre. Vamos de novo então. O local onde o senhor mora?
- Agora entendi, falei. Moro lá em casa mesmo.
- Não!!! Ultima chance. Nome da rua, número, bairro?
-Há! Entendi. Travessa João Thereza número 243, apartamento 103, aqui perto no centro.
- Muito bem até agora. Anotei tudo e suas respostas estão corretas. Vamos lá, agora vem a parte mais importante, preparado?
- Sempre, falei eu.
-Seu CPF?
Respondi de bate pronto. Afinal havia passado 15 meses decorando o danado do CPF. Eu sabia que um dia seria útil sabê-lo de cór.
- Sua identidade e data de emissão.
- A identidade eu sei entretanto não me lembro da data de emissão.
- O senhor tem muita sorte, de uma olhada rápido e nos fale, mas que esta seja a última chance.
Olhei e rapidamente passei a identidade e a data de emissão.
- O senhor tem conta bancaria?
Mas é claro que sim, pensei eu. É este meu jeito humilde que faz com que alguns me vejam como um bobinho.
- Tenho sim, respondi.
Qual o banco? A agência? E o número da conta?
Após responder tudo isto o representante me olhou de cima a baixo e meio descrente mandou:
-Tenho a certeza que o senhor não sabe a senha desta conta?
- Eu sei as duas: a da agência e a da internet.
- Ótimo! Exclamou o jovem representante. Quais são elas?
- Falei as duas.
- O senhor poderia repeti-las? Só para confirmar sua resposta.
- Repeti as duas.
O representante passou a folha em que anotava para o auditor que não acreditando falou que ia ligar para o Banco Central para confirmar as informações. Ele ligou e ditou cuidadosamente todos os meus dados. Creio que o cadastro estivesse incompleto e o Banco central aproveitou para atualizar meu cadastro.
O auditor então falou para o representante: Nosso “cumpadi” já está indo para o Banco, e o Pedrão está entrando na internet. Vai ser limpeza!
Fiquei preocupado pois eles poderiam descobrir que eu também tinha uma conta poupança que já depositava a mais de 18 anos. Então falei imediatamente: Alem da conta, tenho também uma conta poupança. Não quero que os senhores achem que estou esquecendo de algo.
- Muito bem meu senhor. O seu prêmio depende de suas informações serem verdadeiras. Se descobríssemos que faltava algo você perderia imediatamente ele. Como o senhor foi honesto vamos lhe dar a chance de recompor suas informações. Qual o banco, agência, conta e senhas?
- O banco e a agência são os mesmos. Passei então a conta e as senhas.
O auditor rapidamente pegou o telefone e passou mais estas informações.
- Bem amigo, o Prêmio já é quase seu. Faltam apenas, para que possamos comprovar sua moradia, uma cópia de suas chaves alem de uma simples assinatura.
-Por sorte estou com duas chaves. Tome uma. Cuide bem dela para não a perder por ai. Falei eu.
- Muito bom. Falou o auditor
Neste momento o auditor saiu correndo com a minha chave para confirmar onde moro.
- O senhor sabe que existem muitos “trambiqueiros” por ai. Não é que duvidemos do senhor, mas o prêmio é grande e precisamos nos certificar.
Continuando, o representante lembrou que agora faltava apenas uma última confirmação:
- O Senhor teria uma folha de cheque? Precisamos de um cheque oficial e da sua assinatura nele para que possamos confirmar junto ao Banco Central que o senhor é realmente o senhor.
- Eu entendo, falei. Aqui está o cheque. Deixe-me assiná-lo... Pronto.
- O carro finalmente é seu. Faz o seguinte: O senhor deve ir agora, até a rua da Paixão número 143, e bastará informar que foi o ganhador do alfa centauro.
O único chato é que a rua da Paixão fica do outro lado da cidade, pensei eu.
O representante, sempre preocupado com meu bem estar falou: Apenas para dar tempo de processar seu prêmio, e registrá-lo junto a matriz, o senhor deve esperar para entrar somente após as 16 horas.
Que bom pensei. Como é longe não conseguiria chegar muito antes mesmo.
- Vá logo, mas não se esqueça da hora de entrada.
Vocês não vão acreditar. Depois disto tudo eu anotei o endereço errado. Na rua da Paixão não existe o número 143. Que droga! Eu tinha o prêmio na mão e perdi.
E ai começava o meu azar.
Voltei para casa e ela tinha sido roubada. Levaram tudo de valor. Estes ladrões são muito bons mesmo, eu tenho que admitir, levaram tudo e nem arrombaram a porta.
Como era tarde resolvi dormir. Pela manhã saí para comprar pelo menos uma televisão. Fui até a loja e na hora de pagar não tinha saldo na conta.
- Como! Exclamei ao vendedor da loja. O senhor deve estar enganado.
- Estou não? É a mensagem do banco.
- Já que é assim, paga na conta poupança. Use este cartão aqui.
- Também não tem saldo!
- Como! Vou até o banco ver o que está acontecendo.
O banco me garante que fiz compras pela internet, que saquei em várias agencias e que transferi todo o dinheiro final das contas.
- Como! Eu não fiz nada disto!
Em um instante tudo ficou claro, fez-se a luz. É lógico. Percebi tudo, pensei. Só pode ter sido isto. Enquanto ia buscar meu prêmio, alguém roubou o meu apartamento e aproveitou para ler minhas correspondências e pegar minhas contas e senhas. Mas que droga!
Agora fiquei sem dinheiro, mas feliz porque sozinhos, eu e minha esperteza havíamos entendido tudo.
Um prêmio único!
Sou um camarada legal e tenho uma ótima presença, boa parte dela deriva de minha inteligência ser acima da média. Irradio muita simpatia de meus quase um metro e meio de altura. Todos os meus amigos sabem que podem confiar em mim. Minha humildade não me deixa parecer arrogante.
Amigos! Tenho muitos. Eles são muito legais, mas tem o péssimo comportamento de colocar apelidos que nada tem de comum com as pessoas. Vejam só, meu apelido é “Anen”. Vem de um tal de anencefálico. Eu nem conhecia ele, ou o que seria este tal de anencefálico.
Conversando com o Juvenal do açougue, que é muito esperto, ele me explicou que seria algo a ver com cérebro. Desde este dia fiquei mais confortável com o apelido: era óbvio que meus amigos perceberam o meu brilhantismo intelectual.
...
Era uma manhã ensolarada de uma terça-feira do início de janeiro deste ano. O sol parecia nos querer mandar para o inferno. Vento! Nem pensar, o calor era tanto que nem o vento tinha forças para andar. Na rua, eu caminhava sofrendo o peso daquele calor.
Um senhor me parou, e diretamente falou: o senhor foi selecionado para ser nosso ganhador único. Ele, se apresentou como José. Bem vestido. Bem falante. Foi logo se identificando como representante de campo de uma empresa multinacional, uma tal de “Stupid International Corporation”. É uma empresa especializada em selecionar pessoas de destaque para concorrer a prêmios. Ele me falou que eu estaria concorrendo a um prêmio ótimo, se desejasse participar. Ele deixou claro que não teria de pagar absolutamente nada para concorrer, e que se eu fosse inteligente eu com certeza ganharia o prêmio. Ele falou também que eu me encaixava no perfil desejado, tanto física quanto intelectualmente.
O físico, me falou ele, era perfeito. Pensei em silêncio: Meus amigos sempre me chamavam de baixinho, vejam só, fui escolhido por ter um físico perfeito. Eu não tenho culpa se meus amigos é que cresceram um pouco acima da média.
O perfil intelectual teria que ser checado. Faria-me algumas perguntas e eu tinha que acertar todas as respostas. Ele tinha uma pasta, e validaria minhas respostas contra o que ele tinha anotado.
Neste momento, buscando maior privacidade, ele solicitou que procurássemos um local mais discreto e tranqüilo, uma vez que tudo deveria ser mantido em sigilo absoluto, para que não vazasse o meu prêmio.
Caminhamos um pouquinho e encontramos um lugar ideal, um beco vazio.
Ele voltou a me lembrar que eu somente ganharia o prêmio se respondesse tudo corretamente. Ele aproveitou para me falar que o prêmio seria um carrão, destes modernos, um tal de “alfa centauro”, inclusive com ar condicionado de fábrica. Eu comentei que não conhecia o modelo, mas que um carro é sempre um carro.
Falei para mim mesmo: vai ser fácil. Eles não me conhecem. Se soubessem meu apelido já teriam procurado outro.
Enquanto conversávamos chegou uma outra pessoa. Este tinha um ar pesado, bastante assustador. O representante do concurso comentou: Pode relaxar, ele é o auditor especial certificado pela “intenational boarding” para dar crédito ao concurso, e avalizar a conquista do prêmio.
-Mas ele está armado. Falei.
-Não fique preocupado, ele está armado para nossa segurança. O seu prêmio é muito caro. É quase impossível dizer o preço de uma estrela, quero dizer, um carro alfa centauro.
Naquele momento pensei: eu sou realmente uma pessoa de sorte.
Aquele dia seria perfeito se não fosse pelo final do dia, mas vou deixar para comentar sobre isto no fim deste texto.
Eu estava ali, prestes a ganhar um prêmio, e tinha até um tal de auditor para confirmar tudo.
O cavalheiro começou:
- Não erre nada. Qualquer erro e você perderá o seu prêmio.
Eu falei: Pode deixar, o prêmio já é meu.
-Qual o seu nome completo?
-Juvêncio Bartolo de Abreu Silva.
- Data de nascimento?
-23 de setembro de 1968.
O representante anotava tudo, na presença do auditor.
- Como estão minhas respostas? Acertei tudo até agora?
- Sim, mas ainda faltam várias questões, e você não pode errar nenhuma. Qual o nome de sua mãe?
-Márcia Otoni da Silva.
- Do seu pai?
- Paulo Bartolo de Abreu Silva
- Residência?
Neste momento tomei um susto. Residência! Para que eles querem saber da residência? Pensava rápido uma resposta, pois eu não sabia o que é esta tal de residência, como responder sobre o que não sei. Pensei... Decidi pedir ajuda.
- Posso pedir ajuda? Falei.
-Normalmente não, mas você está com sorte. Aproveita para pedir.
- O que é residência?
- Há! Desculpe, realmente é uma palavra difícil. Vem do inglês... lá do acre. Vamos de novo então. O local onde o senhor mora?
- Agora entendi, falei. Moro lá em casa mesmo.
- Não!!! Ultima chance. Nome da rua, número, bairro?
-Há! Entendi. Travessa João Thereza número 243, apartamento 103, aqui perto no centro.
- Muito bem até agora. Anotei tudo e suas respostas estão corretas. Vamos lá, agora vem a parte mais importante, preparado?
- Sempre, falei eu.
-Seu CPF?
Respondi de bate pronto. Afinal havia passado 15 meses decorando o danado do CPF. Eu sabia que um dia seria útil sabê-lo de cór.
- Sua identidade e data de emissão.
- A identidade eu sei entretanto não me lembro da data de emissão.
- O senhor tem muita sorte, de uma olhada rápido e nos fale, mas que esta seja a última chance.
Olhei e rapidamente passei a identidade e a data de emissão.
- O senhor tem conta bancaria?
Mas é claro que sim, pensei eu. É este meu jeito humilde que faz com que alguns me vejam como um bobinho.
- Tenho sim, respondi.
Qual o banco? A agência? E o número da conta?
Após responder tudo isto o representante me olhou de cima a baixo e meio descrente mandou:
-Tenho a certeza que o senhor não sabe a senha desta conta?
- Eu sei as duas: a da agência e a da internet.
- Ótimo! Exclamou o jovem representante. Quais são elas?
- Falei as duas.
- O senhor poderia repeti-las? Só para confirmar sua resposta.
- Repeti as duas.
O representante passou a folha em que anotava para o auditor que não acreditando falou que ia ligar para o Banco Central para confirmar as informações. Ele ligou e ditou cuidadosamente todos os meus dados. Creio que o cadastro estivesse incompleto e o Banco central aproveitou para atualizar meu cadastro.
O auditor então falou para o representante: Nosso “cumpadi” já está indo para o Banco, e o Pedrão está entrando na internet. Vai ser limpeza!
Fiquei preocupado pois eles poderiam descobrir que eu também tinha uma conta poupança que já depositava a mais de 18 anos. Então falei imediatamente: Alem da conta, tenho também uma conta poupança. Não quero que os senhores achem que estou esquecendo de algo.
- Muito bem meu senhor. O seu prêmio depende de suas informações serem verdadeiras. Se descobríssemos que faltava algo você perderia imediatamente ele. Como o senhor foi honesto vamos lhe dar a chance de recompor suas informações. Qual o banco, agência, conta e senhas?
- O banco e a agência são os mesmos. Passei então a conta e as senhas.
O auditor rapidamente pegou o telefone e passou mais estas informações.
- Bem amigo, o Prêmio já é quase seu. Faltam apenas, para que possamos comprovar sua moradia, uma cópia de suas chaves alem de uma simples assinatura.
-Por sorte estou com duas chaves. Tome uma. Cuide bem dela para não a perder por ai. Falei eu.
- Muito bom. Falou o auditor
Neste momento o auditor saiu correndo com a minha chave para confirmar onde moro.
- O senhor sabe que existem muitos “trambiqueiros” por ai. Não é que duvidemos do senhor, mas o prêmio é grande e precisamos nos certificar.
Continuando, o representante lembrou que agora faltava apenas uma última confirmação:
- O Senhor teria uma folha de cheque? Precisamos de um cheque oficial e da sua assinatura nele para que possamos confirmar junto ao Banco Central que o senhor é realmente o senhor.
- Eu entendo, falei. Aqui está o cheque. Deixe-me assiná-lo... Pronto.
- O carro finalmente é seu. Faz o seguinte: O senhor deve ir agora, até a rua da Paixão número 143, e bastará informar que foi o ganhador do alfa centauro.
O único chato é que a rua da Paixão fica do outro lado da cidade, pensei eu.
O representante, sempre preocupado com meu bem estar falou: Apenas para dar tempo de processar seu prêmio, e registrá-lo junto a matriz, o senhor deve esperar para entrar somente após as 16 horas.
Que bom pensei. Como é longe não conseguiria chegar muito antes mesmo.
- Vá logo, mas não se esqueça da hora de entrada.
Vocês não vão acreditar. Depois disto tudo eu anotei o endereço errado. Na rua da Paixão não existe o número 143. Que droga! Eu tinha o prêmio na mão e perdi.
E ai começava o meu azar.
Voltei para casa e ela tinha sido roubada. Levaram tudo de valor. Estes ladrões são muito bons mesmo, eu tenho que admitir, levaram tudo e nem arrombaram a porta.
Como era tarde resolvi dormir. Pela manhã saí para comprar pelo menos uma televisão. Fui até a loja e na hora de pagar não tinha saldo na conta.
- Como! Exclamei ao vendedor da loja. O senhor deve estar enganado.
- Estou não? É a mensagem do banco.
- Já que é assim, paga na conta poupança. Use este cartão aqui.
- Também não tem saldo!
- Como! Vou até o banco ver o que está acontecendo.
O banco me garante que fiz compras pela internet, que saquei em várias agencias e que transferi todo o dinheiro final das contas.
- Como! Eu não fiz nada disto!
Em um instante tudo ficou claro, fez-se a luz. É lógico. Percebi tudo, pensei. Só pode ter sido isto. Enquanto ia buscar meu prêmio, alguém roubou o meu apartamento e aproveitou para ler minhas correspondências e pegar minhas contas e senhas. Mas que droga!
Agora fiquei sem dinheiro, mas feliz porque sozinhos, eu e minha esperteza havíamos entendido tudo.