Liberdade!
Sorria, sentado em um sofá a cabeça recostada, os olhos fechados recordava o tempo em que seus filhos eram pequenos e de como gostava de estar com eles.
Brincavam de tudo juntos soltavam pipas, jogavam bola, esconde-esconde. Finais de semana iam para algum lugar passear, conheciam todos os Parques e Museus de São Paulo.
Permitiu que tivessem todos os amigos possíveis, assim como animais de estimação.
Quando afinal casaram e deram-lhe netos, desde a concepção tratou de aproximar-se deles. Quando nasceram ajudou em tudo, de fraldas a banho.
Acompanhou o crescimento, fez questão de levar e buscar nas escolas, de vê-los em jogos e torcer por eles. Vibrar nas vitorias consolar e levantar o moral nas derrotas, mas fosse o que fosse estar sempre ao lado.
Não lembrava quando nem como, mas num certo momento seus filhos passaram a contestar suas palavras, todas elas, depois a não levá-las em consideração.
Logo suas esposas e maridos decidiram que era um estorvo, que só dava trabalho e preocupação. Sua opinião e seus desejos passaram a não ter mais nenhum valor.
Esqueceram de todos os passeios, de todas as risadas, de toda a felicidade.
O passado no presente servia apenas para ser esquecido.
Mas, o que doeu mesmo não foi o internato no asilo, nem os netos que não viu mais.
O que lhe doía mais era lembrar-se das flores e das arvores, dos pássaros e das borboletas, dos cachorros e das pessoas que encontrava todos os dias nas ruas por onde caminhava.