Sensações !
...E dentro da boca pequena e imperceptível, os dentes disputavam em ritmo frenético o maior número de beliscos nos lábios e buscavam atingir a maior velocidade possível.
Uma compulsão se estabelecia ali. Os dedos da mão direita eram tão impacientes quanto a frequência dos segundos.
O suor já nem se fazia notar.
Os pés, como num espetáculo de dança, criavam movimentos únicos, irracionais, completamente ansiosos.
Unhas ? Quem se preocupa com unhas nessa situação ? Não adiantaria se preocupar, afinal nem ali elas restaram inteiras para exibir
o trabalho da manicure da semana passada.
Já os dedos da mão esquerda se perdiam em longos fios de cabelos extremamente negros e longos que pareciam tentar demonstrar calma, em vão.
Era possível sentir o coração mandar o sangue para todo o corpo, com muita pressa, como se o sangue estivesse atrasado para chegar aos pés e ainda estivesse fazendo um vagaroso trajeto por entre as veias daquele monótono coração.
Talvez esse sangue não pudesse completar seu trajeto, pois ao passar pelo estômago ali ficava, congelado, estático. Ali ele se encontrava e dançava com inúmeros "seres" que, pelas cócegas e risadinhas, pareciam ser borboletinhas serelepes invadindo um outro corpo.
O que poderia vir a ser todo esse conjunto de sensações não muito agradáveis ?
Eis que surge então, um outro corpo na história, bem mais alto, brusco, e capaz de fazer desaparecer tudo o que se passava.
Não resta mais nada agora além da mais pura sensação de bem estar, a melhor que se pode vir a sentir.
Agora ela estava com ele !