Desfalecendo
"I was wondering, would you reach for me
If you saw that I was languishing?" (Mariah Carey)
Ele se calou. Abriu a boca para fngir pegar ar e hesitou. Podenrar era preciso, escolher as palavras para parecer correto. Modalizar seu discurso, dizendo verdades maquiadas. É um esforço que ele jamais pensou poder ter um dia. Dói se sentir inseguro diante de algo que era tão certo.
“ Ah, que bom.” É bom, mas para quem? Um algo inaudito sussurrava-lhe aquilo que ele se recusava a ouvir. E agora ele não sabe bem quais são as palavras certas. Elemento surpresa que o pegou desprevenido. Até ontem ele mantinha os pés no chão, pisando forte nos azulejos dela. “Quem era esse monstro que quebrou os alicerces do meu edifício?” É um corpo estranho e é preciso que todos vejam isso, será que ninguém vê?
As palavras ficam no chão ou dentro da cabeça. Ele abre a boca e diz “que bom”, mas não diz nada e quando diz, o que diz é pleno da falta de argumentos. Martelando “que bom” e fecha os olhos pensando “nunca mais”, quando na verdade o que vê no fundo da sua memória é “para sempre”.
Nessas horas é que ele pensa com alguma dor em tudo o que passou e ele deixou passar. Deixou passar, pois achou que não passaria.
“If I toldo you that I couldn’t breath...”
E a culpa, existe?
“Que bom” ele disse com a pouca sinceridade ética e o comedimento lhe permitiam ter.