Xadrez
Quadrado. A muralha de pedras negras acabou de ser erguida. Acho que Majestade não está bem seguro. Um minuto se faz desde que se anunciou o ataque. Está frio. As tropas inimigas começaram a avançar. Escondemos alguns homens na trincheira ao leste do castelo. O céu escureceu: flechas. Muitos estão sentindo o gosto de terra e sangue; outros, nem isso. Conseguimos abrir um buraco naquela muralha negra dos infernos. Agora é invadir pela direita e matar o monarca adormecido. Emboscada! Um feiticeiro está encantando os soldados rasos e levando-os para as trevas da mutilação. Tremor. A cabeça do mago está rolando. O general negro está de frente a mim. Acho que é minha hora, não de morrer, mas de agir. Volto para junto de Majestade com o general em meu encalço. Consigo aprisioná-lo. A vitória está em nossas mãos. Invado, com todas as minhas forças, o território inimigo. Esmago a cabeça de algum soldado e arrebento a porta do quarto do monarca.
“Um soldado, se arrastando pela terra...
O general negro libertado...
Um grito de guerra...
Majestade assassinado...”
Meu Deus! Como tudo se inverte tão depressa! A vitória nos abandonou, acabamos sendo derrotados. Nosso reino é apenas mais um riscado do mapa. Preto. Branco. Xeque-mate.