O Invasor
Entrou na casa de cor azul do céu. Mas antes, colocou seus pés na área que possuía grama sintética, flores artificiais, duendes, cogumelos, gansos, cisnes de pedra. Colocou a mão na maçaneta, apertou, apertou forte. Girou a maçaneta, a porta abriu e um cheiro agradável invadiu seu nariz. Ele abriu um sorriso, curto e os dentes reluziram, colocou seus pés no tapete, viu a estante de livros, viu o aquário, a televisão, a chaminé, o piano e muitas fotografias. Sentou no sofá pegou o controle remoto e apontou para a televisão e apertou o botão vermelho. A imagem abriu-se focando o rosto do Pica-Pau. Apertou o botão de mudar. Mudou dez ou doze vezes e voltava no Pica-Pau. Depois de vinte minutos abriu a geladeira. Retirou a lata de cerveja, sentou no sofá, abriu a lata, bebeu e encostou a cabeça na almofada. Assistia o Pica-Pau, logo riu das palhaçadas do personagem. Terminado a primeira cerveja, pegou outra e continuou a ver o Pica-Pau. Neste vai e vem havia latinhas espalhadas pela sala. Cansado de olhar a televisão, desligou-a. Foi no banheiro e tomou banho, por uma, duas horas e meia. Foi na cozinha, pegou hambúrguer, requeijão e saco de pão. Preparou os lanches e fartou-se ricamente.
Deu-se noite. Sentou no sofá, a sala escura, deixou-se permanecer nas trevas, amigo do silencio era, noite era noite.
Duas horas depois:
A porta abre, passos de salto alto, barulhos de sacolas, ascende à luz, vê sentado no sofá. As sacolas caiem de suas mãos, ela fica paralisada, ambos se entreolham. O marido violento está de volta.
(Rod.Arcadia)