UM CORPO EM PUTREFAÇÃO

Um corpo em putrefação,

Embora muito enfeitado,

E um monte de convidados,

Pro o rito do funeral,

Começaram a passar mal,

As carolas contratadas,

Algumas já desmaiadas,

Consternavam os transeuntes,

Que olhando pro defunto,

Faziam o sinal da cruz,

A natureza os conduz ,

De forma equilibrada,

As almas desesperadas

Buscando absolvição,

Porem o dito perdão,

Só mesmo Deus os concede,

Talvez isto não arrede,

Aqueles de má conduta,

Que numa intensa disputa,

Nem um momento preservam,

E desferem os seus venenos,

Como fosse um piquenique,

O morto que se estrumbique,

E os seus parentes também,

Se não tem mais seus brasões,

Riquezas e medalhões,

Já é comida de insetos,

Que baixe a sepultura,

Esta infeliz criatura,

Que não repartiu o pão,

Quem sabe depois de morto,

Provenha melhor conforto,

A quem lhe estendeu a mão,

O espírito libertário,

Veio dar uma espiada,

No corpo do seu calvário,

De uma vida atribulada,

Disse ô bando de otários,

De vocês não quero nada,

Se virem com seus parceiros,

E os que chegam primeiro,

Ficam com a maior bolada,

Esta, é a vida encarnada,

Da qual já fui libertado.

Miguel Jacó
Enviado por Miguel Jacó em 02/06/2010
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