UM CORPO EM PUTREFAÇÃO
Um corpo em putrefação,
Embora muito enfeitado,
E um monte de convidados,
Pro o rito do funeral,
Começaram a passar mal,
As carolas contratadas,
Algumas já desmaiadas,
Consternavam os transeuntes,
Que olhando pro defunto,
Faziam o sinal da cruz,
A natureza os conduz ,
De forma equilibrada,
As almas desesperadas
Buscando absolvição,
Porem o dito perdão,
Só mesmo Deus os concede,
Talvez isto não arrede,
Aqueles de má conduta,
Que numa intensa disputa,
Nem um momento preservam,
E desferem os seus venenos,
Como fosse um piquenique,
O morto que se estrumbique,
E os seus parentes também,
Se não tem mais seus brasões,
Riquezas e medalhões,
Já é comida de insetos,
Que baixe a sepultura,
Esta infeliz criatura,
Que não repartiu o pão,
Quem sabe depois de morto,
Provenha melhor conforto,
A quem lhe estendeu a mão,
O espírito libertário,
Veio dar uma espiada,
No corpo do seu calvário,
De uma vida atribulada,
Disse ô bando de otários,
De vocês não quero nada,
Se virem com seus parceiros,
E os que chegam primeiro,
Ficam com a maior bolada,
Esta, é a vida encarnada,
Da qual já fui libertado.