NOITE

Às vezes, mal apagada a vela, meus olhos se fechavam tão depressa que eu nem tinha tempo de pensar: "Vou dormir" (Marcel Proust, No Caminho de Swann, Em Busca do Tempo Perdido)

Exageradamente temeroso com os assombros noturnos, vê as sombras sob a porta mal encostada. Encosta forte o rosto no travesseiro. As sombras chegam cada vez mais perto da porta.

A extensão escura do quanto faz acreditar que as sombras já adentraram o quarto, que esticam os braços para tocar o rosto que não dorme. Os olhos observam a extensão escura se aproximando.

Antes que lhe toquem o rosto através da brisa fria que a noite traz, grita antecipando a sensação.

Com o grito, a sombra precipita rápida à porta.

O menino ouve o abrir da porta, a luz inundando a extensão do quarto. Gigante o quarto. Gigante a sombra.

O choro se cala.

As mãos tocam seu rosto.

Não há mais temor. Teu pai vela seu sono, protege seus sonhos enquanto o acalenta na noite finda.

Fabiano Rodrigues
Enviado por Fabiano Rodrigues em 08/04/2010
Código do texto: T2184403
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.