___ELE TINHA FOME___
Augusto caminhava entre os pedestres como uma sombra
a vagar.
Com as vestes rasgadas, cabelos sujos e desalinhados era
uma das muitas faces que a sociedade recusava a olhar.
Em seus pensamentos lembranças vinham num turbilhão
de emoções deixando seus olhos rasos de lágrimas.
Nestes momentos ele sentia a saudade açoita-lo e como
doia....
A dor emocional era tão real que seu corpo se envergava.
Arrastando os pés machucados e sujos ele se encostou numa
parede.
O suor lhe escorria pela face, o estomago doia terrivelmente e
sua cabeça girava feito carrosel.
Neste momentos ele ria das lembranças que o levavam a infancia
feliz no sertão.
O corpo judiado e massacrado pelas mazelas existenciais fora per-
dendo a vitalidade, o viço da vida e ele tombou..
Algumas pessoas pararam para acudir o pobre homen, enquanto
outras desprendiam tempo e energia com comentarios maldosos.
Certo senhor o olhou desconfiado e foi dizendo,
- Bah!! que barbariedade o sujeito se drogou até a morte...
- O juventude desperdiçada.....
E a alma do sujeito que ainda estava ao lado do corpo suspirou...
- Ahhh senhor como me julgas....
- Se eu tinha fome e o alimento me foi negado....
O homem sentiu arrepios e saiu se benzendo e maldizendo a sorte
daquele rapaz.
-Morgana Glaciotto-