Batizavam-se a quantas águas jorrassem sal em suas testas.
Recriavam-se todas as vezes em que se matavam, ao despertar de mais uma decepção.
Inventavam paixões desenfreadas, traições que só existiram na letra e no
lápis, fiéis servos de toda recorrente Inspiração.
Ovacionavam o desempenho dos seus Personagens , dos quais também eram Autores e Diretores de Produção.
Não encontravam tempo para responder cartas e mensagens que escreviam para si mesmos. Mas (a tempo) consigo mesmos desculpavam-se.
Desligavam telefones com medo de que nunca tocassem.
Produziam o Bem, o Mal, o Amor e a Morte, nas espumas dos seus travesseiros e dos seus lençóis, na infinita Solidão dos seus papéis.
Assim nasceram, casaram-se e foram Felizes para Sempre, até o dia em que o Mundo do Real sobre eles desabou.
Agora digam-me, Poetas e Escritores, em qual dos nossos mais belos Versos e Contos de Amor, algum de nós acreditou ?