A SAUDADE E AS LÁGRIMAS
A SAUDADE E AS LÁGRIMAS
Sentados ali ouvia a vida de Joaquim e à medida que ele falava ia se formando em minha mente a paisagem. Eu podia ver os rostos, o olhar dos vaqueiros e a paisagem. Ele voltava à sua terra. Em sua mente o riacho translúcido com pequeninos peixes no fundo que pareciam esconder sob seus pés. Sentia o frio da água entre os dedos refrescando o suor que brotava dentro do sapato. Mexia os dedos prazerosamente. Sonhava...
O riacho, as árvores e o cantar dos passarinhos; O gosto da manga suculenta e doce escorrendo em seu queixo. Escutava seu amor lhe chamando... Joaquim acordou.
E ele sorria... Via em suas lembranças seu semblante, seu cheiro gostoso e o amor que brilhava em seus olhos. Não queria nunca ter saído dali. A natureza era generosa naquele lugar e o verde se espalhava ao encontro do azul do céu. O gado pastava feliz e os vaqueiros contavam vantagens sobre o melhor pião do lugar. Andavam como nobres, altivos, seguros de sua força e liberdade. Joaquim abriu os olhos. Chegaram. Mas onde estava?
Não era aquele o seu lar? Onde estavam os animais? E os vaqueiros com seu sorriso? E o marulhar do riacho que não escutava? Não tinha pomar. As casas acinzentadas e tristes, sem flores na janela. Não tinha ninguém. Vazias e silenciosas
Caminhou hipnotizado até à porta da primeira casa e parou sem entender. Lá dentro avistou antigos móveis que reconheceu serem de sua família. Ao longe, o apito de uma fábrica e passos vagarosos chegando. Homens cabisbaixos e silenciosos voltavam de sua jornada de trabalho. Onde estavam os piões sorridentes e brincalhões?
Alguém se aproxima e o toca, e pergunta se ele era mesmo o Joaquim.
Ele abraçou aquele ser desconhecido e sentiu o calor de outrora. Seu amigo
Pedro. Seu ídolo! O melhor peão que conhecera. Olhava sem entender. A mata não existia, o riacho secou, os passarinhos se foram. Pedro não tinha mais aquele ar nobre, nem sorria. Abraçados choraram.
A fábrica, os resíduos químicos tudo matou. Colocaram o pequeno vilarejo no mapa! Vila da saudade!
Uma lágrima rolou em minha face e pude sentir o gosto do sal. Senti saudade de mim mesma.
A SAUDADE E AS LÁGRIMAS
Sentados ali ouvia a vida de Joaquim e à medida que ele falava ia se formando em minha mente a paisagem. Eu podia ver os rostos, o olhar dos vaqueiros e a paisagem. Ele voltava à sua terra. Em sua mente o riacho translúcido com pequeninos peixes no fundo que pareciam esconder sob seus pés. Sentia o frio da água entre os dedos refrescando o suor que brotava dentro do sapato. Mexia os dedos prazerosamente. Sonhava...
O riacho, as árvores e o cantar dos passarinhos; O gosto da manga suculenta e doce escorrendo em seu queixo. Escutava seu amor lhe chamando... Joaquim acordou.
E ele sorria... Via em suas lembranças seu semblante, seu cheiro gostoso e o amor que brilhava em seus olhos. Não queria nunca ter saído dali. A natureza era generosa naquele lugar e o verde se espalhava ao encontro do azul do céu. O gado pastava feliz e os vaqueiros contavam vantagens sobre o melhor pião do lugar. Andavam como nobres, altivos, seguros de sua força e liberdade. Joaquim abriu os olhos. Chegaram. Mas onde estava?
Não era aquele o seu lar? Onde estavam os animais? E os vaqueiros com seu sorriso? E o marulhar do riacho que não escutava? Não tinha pomar. As casas acinzentadas e tristes, sem flores na janela. Não tinha ninguém. Vazias e silenciosas
Caminhou hipnotizado até à porta da primeira casa e parou sem entender. Lá dentro avistou antigos móveis que reconheceu serem de sua família. Ao longe, o apito de uma fábrica e passos vagarosos chegando. Homens cabisbaixos e silenciosos voltavam de sua jornada de trabalho. Onde estavam os piões sorridentes e brincalhões?
Alguém se aproxima e o toca, e pergunta se ele era mesmo o Joaquim.
Ele abraçou aquele ser desconhecido e sentiu o calor de outrora. Seu amigo
Pedro. Seu ídolo! O melhor peão que conhecera. Olhava sem entender. A mata não existia, o riacho secou, os passarinhos se foram. Pedro não tinha mais aquele ar nobre, nem sorria. Abraçados choraram.
A fábrica, os resíduos químicos tudo matou. Colocaram o pequeno vilarejo no mapa! Vila da saudade!
Uma lágrima rolou em minha face e pude sentir o gosto do sal. Senti saudade de mim mesma.