Intolerância. Libano

Não conseguia evitar evidente a sua alegria.

Do seu rosto um sorriso, jamais se apagava.

A mais de 10 anos, sua terra natal

vivia em paz.

Por isto pudera transformar em realidade

um sonho, a muito acalentado.

Mandara sua mulher e filhos, conhecerem.

Aqueles que só por telefones, cartas, fotos e

e-mails se conheciam.

Não pudera ir, pois sendo comerciante teria

que manter a loja aberta. Iria noutra ocasião.

Agora era uma questão de oportunidade apenas.

Quando lá chegaram por celular, pode constatar

a emoção, o choro, a alegria os muitos abraços e

beijos que a saudade e a ansiedade dos muitos

anos, fizeram-nos extravasar, eles lá ele aqui chorando,

ouvindo e vendo através do celular.

Mandaram-lhe logo muitas fotos: seus pais

estavam velhos, mas os olhos permaneciam

os mesmos, graças a Deus conheceram-se antes que

se fossem; seus irmãos, irmãs, seu irmão mais

velho a quem sempre fora muito afeiçoado, com

os cabelos todos brancos, primos, primas, tios,

tias, sobrinhos, toda a família.

Que recepção.

Foram a todos os lugares que durante toda

a vida em comum vivi a lhes contar, como lindos

eram seus monumentos, maravilhosa sua arquitetura,

suas cidades, seus parques e principalmente

como eram hospitaleiros, alegres e

festeiros sua gente, seu povo, e

olhando as fotos que mandavam, pôde

constatar que não exagerara em nada.

Estava tão feliz.

De repente, ao ligar à televisão toda a felicidade

transforma-se em desespero, agonia, sofrimento,

Uma dor tão grande, que impossível seria descrevê-la.

Alguém se declarando superior a todos os outros

seres humanos, os únicos ungidos por Deus, sentiram-se

com direito de matar e aniquilar quem lhes aprouvesse.

E eles estavam fazendo isso com sua família, com seus

pais, irmãos parentes e amigos. Considerando-os

como inimigos e os bombardeando.

Destruíram primeiro aeroportos, portos, estradas impedindo

a fuga; depois hospitais, reservatórios d água,

usinas, mercados, etc. Impedindo de se medicarem,

alimentarem, de saciarem a sede.

Destruíram postos de gasolina e ruas impedindo socorro.

Estão destruindo seus monumentos, sua arquitetura,

suas cidades, seus parques, sua gente

seu povo alegre, hospitaleiro e festeiro.

E agora destruíram também seus meios de

comunicação: telefones, televisão, rádio, etc..

Tornando impossível receber notícias

ou falar por telefone com quem quer que seja.

É contra o inimigo eles dizem.

Mas é seu desarmado povo que

estão atacando e dizimando.

Bombas e tanques, contra velhos e mulheres.

Fuzis e revolveres contra crianças de três anos

É um massacre e como tal

tem que ser tratado.

E agora? O sorriso se apagou.

Alegria em tristeza se transformou.

Mesmo que os seus retornem;

Mesmo que sua família volte

sã e salva.

Nunca mais serão os mesmos.

O que viram, o que sofreram.

Não pode. Não deve.

Jamais ser esquecido.

Isidoro Machado
Enviado por Isidoro Machado em 13/11/2009
Reeditado em 21/11/2009
Código do texto: T1920887
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