Sótão

Será que eu parei no tempo? de repente, eu vejo que todas as mudanças, todas as cores e tempestades, tudo não passou de uma nova roupagem para o mesmo lugar.

E eu me vi aqui, olhando fotos antigas e sonhando velhos sonhos como se fosse ontem. Então percebo, que, na verdade, existem coisas que não foram aceitas, resolvidas, superadas. A única coisa que fiz foi jogar essas coisas no sótão empoeirado da lembrança, e não tirá-las de lá.. Parecia bem onde estavam.

O que acontece, no entanto, quando a porta do sótão se abre, acendemos a luz, e sem querer, nos deparamos com nossos velhos entulhos? Não adianta fechar, trancar a porta, o cheiro, a poeira, rementem furtivamente ao que fingimos esquecer. E quando menos esperamos, quando baixamos a guarda... Lá estão elas, as sensações atrofiadas tentando nos invadir!

Não que isso seja necessariamente um problema. O fato é que pode trazer uma angústia, uma vontade de ter o que nunca tive...

Acho que vou trocar a fechadura do meu sótão e jogar a chave fora.

Ursel Schwartzinger
Enviado por Ursel Schwartzinger em 29/08/2009
Código do texto: T1781463
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