A CHAVE NO VASO - A CHAVE OU O DINHEIRO?
A CHAVE NO VASO -A CHAVE OU O DINHEIRO?
Ana Marques
“O dinheiro ou a chave? A chave ou o dinheiro?” inquiria a apresentadora loira com a sua voz estridente. O homem olhava ora para ela ora para o publico que gritava desenfreadamente os seus palpites num caos sonoro absoluto. Nheiro, ave, di, chá, tudo ao mesmo tempo até fazer a cabeça do homem andar à roda.
“Tem de escolher, Albertino, a chá-ve-ou-o-di-nhei-ro!”
“ A Chave, a chave!” disse pouco convicto.
“ Muito bem! A amiga Osga vai dar-lhe o presente surpresa que está no cofre que vai ser aberto por esta fantástica chave! Ora vamos lá ver, estou a rodar a chave e estou a abrir a portinhola e vou tirar um embrulho lindíssimo. Vamos ver que estará dentro deste maravilhoso embrulho. Quer abrir Sr. Albertino? Muito bem, muito bem, vamos lá ver o que sairá daqui. Está quase, eu ajudo, eu ajudo... e...sensacional, uma tostadeira eléctrica! Palmas para o Sr. Albertino que acaba de ganhar uma incrível tostadeira!
Adeus, dê cá duas beijocas, até à próxima e vamos já chamar mais um concorrente do nosso fantástico público. Quem será? Pois a máquina indica o número 403. Venha jogar caro senhor, você é concorrente!”
“Obrigada, boa noite, obrigado, muito obrigado”, acenava o homem de cabelos brancos e face rosada, delirante para a assistência.
“Como se chama?”
“ Manel”
“ Manuel, muito bem, Manuel quê? “ Manel Justino”
“ Vem de onde, Sr. Manuel Justino?” “ Da Vidigueira”
“ Do Alentejo, muito bem. Vamos então jogar, Sr. Justino.
Pegue aí nesse manípulo e rode com força. Vamos ver onde pára a roda, mil, quinhentos, nada, duzentos, quinhentos euros! Estão em jogo a fantástica quantia de quinhentos euros. E agora, Sr. Faustino, chegou a hora da tal pergunta, o que vai escolher a chave ou o dinheiro?
“Nem é preciso perguntar outra vez que eu cá gosto mais do pão fresco todos os dias. É a minha mulher que o faz. Ê quero o dinhêro, ora essa!”
“ Tem a certeza, Sr. Justino, olhe que pode estar no cofre uma maravilhosa surpresa. A amiga Osga está aqui é para o ajudar.”
“sim, sim pois então. Mas ê na gosto lá muito de surpresas. Antes prefiro o dinhêro.”
“E o público o que acha que o Sr. Justino deve fazer? Ficar com a chave? Ou com o dinheiro?
“ A Chave! O dinheiro! Cheiro! Nhave! Nheiro! Cheiro! Dinhave!...”
“Muito bem, o que vai ser, Sr. Justino, última hipótese.”
“ O dinhêro!”
“Muito bem, aqui tem, cem, duzentos, trezentos, quatrocentos, quinhentos, quinhentos euros aqui p’ra este nosso amigo.
Vamos abrir a porta para ver o que o nosso concorrente acaba de perder. Muito bem, rodei e abri a portinhola e...um vaso! Um vaso! O Sr. Justino acaba de perder um vaso.
Oh mas, mas está aqui qualquer coisinha aqui dentro do vaso, atenção... o que será isto que tenho aqui na minha mão...Uma chave de um carro! Rodem a montra! Fantástico! Um magnífico Mercedes zero quilómetros!”
“Puta-que-pariu! Que raio de azar o meu!”
“ Sr. Justino, não fique zangado, a amiga Osga tentou ajudá-lo.
Aqui no fantástico Concurso da Amiga Osga não estamos para contentar nem um nem dois nem três mas sim todos de uma vez!”
“Pois, pois. Adeusinho, até nunca mais.” Virou as costas o homem lançando um ruidoso flato que fez delirar a assistência que gargalhou até às lágrimas.
“Corta!”“ Onde é que ponho a merda da chave, ó Paulinho?”
“ Bota a porra da CHAVE NO VASO, quero lá saber. Vamos lá, vamos lá a acalmar a malta para gravar mais dois jogos desta treta que se faz tarde. Todos a postos. Vai, vai. Gravar!”