BRIGITTE - UM CONTO DE NATAL ( IV PARTE)
Safirina luminosidade inunda o corpo velho e debilitado, fortalecendo-o, todavia, a paciente por diversos fatores não é das mais receptivas ao tratamento cromoterápico, bondosamente ministrado, ademais terminantemente se recusa ao uso dos Florais de Brigitte. A paciente, sofre de muitos males e nos seus últimos instantes de vida padece agonizando nas lembranças de suas atitudes, em tela intima o remorso ou o medo dos castigos nos quais acreditava, lhe levavam de volta a cada um de seus dias, passados, os alegres, e os sofridos, suas irreverências, e suas faltas... Desta maneira agonizante assiste, incluso, ao seu último instante de vida no corpo de carne. O assombro dessa última visão lhe leva realmente ao óbito.
Quando então é conduzida num casulo de lençol pelos corredores da Casa de Misericórdia a uma das gavetas geladas ao aguardo dos familiares. Durante o período em que dirigiu alguns setores da Casa de Misericórdia a Madre Angelina devido a sua austeridade, conquistou não o respeito de muitos dos dirigidos, mas sim a antipatia.
Talvez por isso justificasse a atitude do funcionário que lhe fazia o transporte até as geladeiras do hospital... Naquele momento, de uma madrugada chuvosa, pelos corredores, a voz do condutor era abafada pelos trovões, uma bastante favorável, pensava o condutor que burlonamente conversava com o cadáver que por ele era conduzido: “Ah, madre chegou a minha vez de direcionar as coisas, digo dirigir os seus passos! Vou lhe mostrar agora madre, como se deve conduzir com celeridade o meu trabalho – Rindo-se deixou a maca descer à revelia pela rampa, até que a mesma se chocou frontalmente com a parede, fazendo cair o o corpo morto de Angelina – “Desculpa, superiora, estou só tentando ser rápido, sabe a senhora sempre me chamava de lerdo, lembra-se, espero que agora eu esteja ao seu contento ” - Indolente Marcelino se ria dos acontecimentos por ele levados a efeitos. Não era um homem de índole má, apenas estava naquele momento dava evasão ao sentimento da revolta, supostamente se deixando orientar por intuições de baixa moralidade. Marcelino, parecia tomado por personalidade que não era de modo algum a sua própria fazia e dizia coisas como totalmente contrárias ao seu comportamento habitual: “Madre, vou contra o diagnóstico do Dr. Danilo, tenho certeza - que nem mesmo a morte está suportando seu o mau cheiro e aposto, com quem queira, o meu salário, que nem mesmo os vermes que estão abaixo da terra vão querer esses seus restos!
Uma seqüencia de trovões e relâmpagos parece materializar ser e voz, que dirige-se à Marcelino em tom de mais pura moralidade superior “É da lei que se deva colher daquilo que se planta, todavia, meu caro Marcelino, você está faltando com a caridade – Estas palavras ressoaram nos ouvidos de Marcelino que de pronto mudou o comportamento, algo temente. Arrependido de suas atitudes daquele momento – Uma corrente elétrica lhe percorreu pela espinha lhe arrepiando o corpo: Nada vê, todavia: “Meu Deus, tenha piedade de mim, perdão!”
E ao depositar o corpo da Madre na gaveta de uma das geladeiras sem saber a razão junta as mãos e ora por Angelina e pelos demais mortos que tinham os seus corpos ali guardados - Neste momento sentiu um cheiro perfumoso modificando a atmosfera do ambiente e a sua intimidade. Tranqüilo e respeitosamente saiu do lugar pensando nas coisas da vida e da morte.