BRIGITTE - UM CONTO DE NATAL. (INÍCIO)

I

Nascida na plenitude dos pais, Angelina, veio ao mundo em berço esplendido, os genitores lhe deram a educação que convinha aos moldes da época, que passava pelas revoluções, vez e sempre, necessárias ao tempo. O nome Angelina o recebera da madrinha, em virtude de suas feições angelicais. Estudiosa, delicada e cheia de formosura. Quando a natureza lhe deu ares de menina-moça, aí, já se lhe sobressaiam às formas de beleza da futura mulher que, supostamente, se tornaria dentro em breve.

Aos dezessete anos fora encaminhada ao colégio interno para completar os estudos, sob a regência de freiras. Assim, deixou para trás a vida de menina, os pais, familiares e sua prima Brigitte, com a qual por algum tempo manteve correspondência contando-lhe do convento, mas, inexoravelmente o tempo segue o próprio curso deixando o destino como companhia de cada ser. Desta forma sem muito esforço construiu-s a ponte da distância separando ambas.

Brigitte, cujos pais eram menos afortunados não havia condições econômicas de enviá-la a estudar fora, acabando por receber formação educacional nos limites financeiros dos pais e da cidade onde nasceram, elas. Entretanto, recebera educação condizente a recebida por Angelina.

A vida transcorria no ritmo normal na pacata cidade de Angelina e Brigitte. Sendo que a estrada de ferro, via de progresso, trouxe à Miracema a um poço de movimento, embora, aquilo que pudesse ser chamado de progresso ou modernidade ali chegava com certo atraso em relação à capital.

Igual como requer a todo jovem, Brigitte, aproveita os tempos dourados de sua juventude, enquanto os mais velhos não deixavam de lado os arraigados costumes. A vida movida dos jovens do lugar deixa as raízes comentando sobre tudo e todos nada lhes escapava. Assim é que Angelina e Brigitte tornaram-se personagens clássicas dos comentários do lugar.

De Angelina sabia-se apenas que seguia no cumprimento dos seus votos, e comentava-se que se tornaria, mais dia menos dia verdadeiramente, Santa. Contrariamente Brigitte, na boca do povo, mesmo vivinha, já havia descido as zonas infernais -, Os comentários a seu respeito redundavam na imaginação fértil de seus conterrâneos.

A cidade de Miracema, tal qual uma turba, após o sepultamento dos pais de Brigitte vitimados pela lepra banem a moça da cidade. Enlutada pela morte dos pais vê-se sem parentes, sem ombros amigos para chorar a sua dor, muito desalentada vai para capital deixa-se vagar pelas ruas.

De rua em rua alguns anos mais tarde não se lhe reconhece mais a beleza de antes. Sempre entristecida e naquele instante enferma. Brigitte retorna à Miracema, demora-se por meses mendigando nas ruas de sua infância, à noite recolhia-se às marquises do hospital de Misericórdia, ou nas calçadas de qualquer estabelecimento. Ninguém se apiedava do estado em que se encontrava, nem lhe reconhecia as feições. Brigitte era apenas mais um pedinte.

Caducha
Enviado por Caducha em 10/12/2008
Reeditado em 23/12/2008
Código do texto: T1328631
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.