A MENINA E A CAPELA (Memórias)
Uma menina que estudou, desde o jardim da infância ao colegial, em colégio de freiras. Lá naquele imenso colégio, de grandes corredores, salas amplas e pátio espaçoso, há também uma pequena capela.
Lugar este que a acompanhou durante anos, da infância a adolescência, até que completasse o ginasial, quando aos 14 anos de idade deste lugar se despediu. Mas em sua memória a menina carregou aquele colégio, e muitas vezes teve a oportunidade de lá retornar e sempre retornaria, sempre que quisesse. Naquele colégio que também estudaram seus filhos.
Quantas missas ela presenciou na pequena capela no decorrer de sua vida. Ainda hoje, com quarenta anos de idade completos, as lembranças da infância estão vivas em sua memória. Muitos de sua família já partiram desta vida e muitas missas a eles foram celebradas na pequena capela.
Todas as vezes que retorna a capela, as lembranças com ela retornam vivas, passando um filme em sua mente. Uma lembrança distante nunca a abandona, aquela da infância. Uma pequena menina tão simples que entre tantas outras não era se quer percebida.
Ao adentrar a capela, a missa oferecida a sua avó materna estava começando. Hoje com quarenta anos, senta-se no último banco, próximo à porta de entrada, dali visualiza o padre sobre o altar, acima está a cruz de Cristo, do lado esquerdo uma imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição, do lado direito do Patriarca São José. As lembranças preenchem toda atenção e do presente ao passado se transporta.
Uma pequena menina na hora do recreio, enquanto as outras crianças brincavam no pátio, ela se dirigia a capela, conversar com Deus. Entrava naquele espaço misterioso, sentava-se no segundo banco para ajoelhar-se perante a cruz. Dos olhos algumas lágrimas brotavam e não sabia mesmo a razão. Uma emoção invadia seu ser e ali tão solitária, com o coração inocente a pequena menina conversava.
Queria descobrir porque aquele lugar transmitia tanto mistério. Mesmo sabendo que era proibido pelas freiras, ela se aventura a entrar por aquela porta ao lado do altar; a passos lentos, abria a cortina suavemente, e o que via? Apenas uma sala vazia.
O sino toca, o recreio termina, é hora de voltar para sala de aula. Todos os dias a menina, tão pequena, voltava ao mesmo lugar com esperança de descobrir o mistério daquele altar!
Ainda hoje, com quarenta anos completos, o mesmo mistério é sentindo naquele lugar; uma aura espiritual que circunda a pequena capela, altar sagrado, aposento do coração, casa de Deus, a pequena menina ainda vive na mulher que hoje sou eu!