Sopro mágico
Enquanto as estrelas mães se divertiam conversando sobre a vida nas galáxias vizinhas, as filhinhas, jovens estrelas jovens, cintilavam sobre os planetas, planetóides e cometas que as circundavam alegremente. Brincavam de contar que conseguia atrair mais planetas para perto de si, e temiam irremediavelmente a expansão e o possível fim de todo o universo.
E nesse vai vem de corpos luminosos e iluminados, na brincadeira que remetia ao passado de estrelas avós e cometas efêmeros, encontraram uma estrela que não era de sua galáxia. Ficaram perplexas com o fato, afinal, estrelas órfãs eram raríssimas, e nunca havia aparecido uma enquanto brincavam na noite eterna do universo.
Correram ao seu encontro, o que resultou em uma série de desencontros nos planetinhas habitados que corriam contra os anos luz em sua volta (nessas horas, quando as estrelas correm e o nosso, junto com os demais planetas as acompanham, é que devem acontecer esses acasos da vida, onde nos encontramos conosco, momentos raros, ou não... dependendo dos ouvidos com que se olha). A acolheram e fizeram dela uma irmã-estrela.
Não costuma existir estrelas órfãs, você sabe, afinal, elas não podem vagar de uma galáxia para outra. Mas essa era especial. As estrelas filhas não sabiam que ela, a pobre estrela sem galáxia, não era estrela de verdade. Era poeira.
Somente quando a não mais estrela órfã, mas poeira das estrelas conseguiu explicar o que era, foi que as mães, as filhas, a luz restante nos planetas ao redor que faziam lembrar as avós, todas elas juntas, compreenderam.
- Sou pó, sou vento, sou fogo, sou nada. Sou vida, pensamento, luz, dia e noite num só momento. Sou o que restou e partiu. Sou o que ficou e ninguém viu. Sou resto dos mundos vagantes do meu universo sem fim. Sou a beleza da vida. Sou o instante que se jogou fora e que hoje, migra de galáxia em galáxia, em busca de um ser, um astro, uma alma, que me aceite como idéia nova, ou quem sabe, como poeira da vida eterna.