O Velho do Saco!
Veio andando tranqüilo. Aparentava ter uns trinta e cinco anos, era negro,
usava uma camiseta e uma bermuda suja, carregava nas mãos dois sacos:
- Moça tem 51 ai?
- Tem sim.
- Quanto é?
- Quatro e cinqüenta.
- Pega lá para mim.
- Pode entrar moço, está na primeira prateleira à esquerda, perto do frízer.
- É que... Meus pés estão sujos...
- Entra moço. Veja meu tênis, também está sujo, pode entrar.
Meio envergonhado entrou sem olhar para os lados, pegou uma garrafa e
por alguns segundos ficou a observar.
- Pode passar moça, essa é da boa! Eu vou levar.
Pegou a bolsa contendo o precioso liquido e saiu a assobiar deixando para trás
uma moça confusa – Será esse o velho do saco que minha mãe sempre falava?
Minha culpa? Culpa do governo? Onde está a família dele? Algum dia teve um lar?
Está frio lá fora, onde vai dormir? Por que ele não comprou biscoito no lugar da bebida?
São tantas perguntas que não sei explicar, que se soubesse antes como ele é
jamais teria feito tanta bagunça...