REISADOS
Fui espectadora de muitas festas folclóricas no povoado Santo Antônio, entre elas os reisados que apresentados pelo o primo Lolóia, Joãozim Moreira, Luís Puluca, Caré e outros.
Os caretas personificados de reis usavam vestes nobres enfeitadas com fitas e diversos penduricalhos - uma mistura da cultura oriental com exóticas nuanças nordestinas: roupas multicores, chapéu de couro com barbicacho, espelhos e estrelas...
A equipe composta por sanfoneiro, boi-de-reis, burrinha, jaraguá, véa do fogo e lobisomem, apresentava-se em muitas casas numa mesma noite e era seguida por grande multidão de espectadores.
Os caretas dançarinos sapateavam, cantavam e dançavam sempre ao redor e elogiando em versos, muitas vezes improvisados, os donos da casa, que lhes retribuíam com uma pequena remuneração. Previamente combinado, os anfitriões mantinham a casa fechada e só depois da louvação abriam-lhes a porta.
“Ô de casa, ô de fora!
Ô de dentro, nobre gente!
Ô de dentro, nobre gente!
Vem receber os Santos Reis,
Da parte do Oriente,
Da parte do Oriente!”
“Senhor me dê licença,
Licença queira-me dar, ô
Licença queira-me dar
Que hoje é chegado o dia
De nós tocar, brincar, ô
De nós tocar e dançar”.
“A senhora dona da casa
É fulô de laranjeira, ô
É fulô de laranjeira
Quando se pega embalança
E quando embalança cheira, ô
E quando embalança cheira”.
“A Senhorita Neomísia
Da casa é a flor primeira, ô
Da casa é a flor primeira
É botão de Cravo e Rosa
É fulô de laranjeira, ô
É fulô de laranjeira”.
Impossível falar de Reisado sem lembrar a figura folclórica de meu primo Mariano Inácio de Loyola, o “Lolóia”, cujo nome de registro na verdade, era Mariano Inácio da Silva. Humorista, dotado de muitos dons artísticos, “Lolóia” interpretava vários papéis com muita espontaneidade e arte que, de modo que, com a participação dele, o espetáculo ficava mais engraçado. Os Reisados aconteciam no início do mês de dezembro e se prolongavam até seis de janeiro, dia de Santos Reis.
LIMA,Adalbeto; SOUSA,Neomíisa. Saga dos Marianos