INSANA
As horas roubaram o sentido da noite e em desespero gritaram os primeiros raios da manhã.
Negou-se ao sono, ao quarto. Furtou-se ao direito de não ser só e, sob a luz amarela daquele cubículo, perdeu-se em papéis, sensações, sedução. Noite sem sexo, sem nexo
A manhã desenhou no vazio um espectro. Apareceu do nada, extremo silêncio.
Com olhos insanos, pegou-a no colo, lambeu suas dúvidas, apagou luz do dia e, entre gemidos, ele a devorou.
Idalina de Carvalho
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