Vingança

Bordava. Era moça e bordava. Ninguém bordava como ela. Linha e agulha no tecido macio, transformando o branco vazio em fantasias multicoloridas com perfeição. Era moça bonita e bordava num constante de dias sem parar e o branco sumia entre seus dedos de todas as cores. Bordava e era moça bonita. Furava o tecido. Passava a linha. O branco sumia aos olhos arco-íris. Bordava, bordava sim. Picou o dedo. Chorou a dor. Largou o bordado para nunca mais. E o branco enfim, sorriu vermelho feliz.

Paula Cury
Enviado por Paula Cury em 13/12/2005
Código do texto: T85243
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