A menina no casulo
Éramos oito irmãos, quatro mulheres e quatro homens. Vivíamos em uma pequena chácara, numa casinha com um riacho ao fundo que cruzava a terra de papai.
Na cidade tínhamos muitos conhecidos, eram as pessoas que viviam ao redor das ferrovias, em casas cedidas às famílias dos funcionários. Dentre os amigos, estava uma família, composta de um casal e uma filha - com crises de epilepsia - que tinha um comportamento estranho frente às visitas. Em uma delas, logo que pusemos os pés para dentro da porta da sala, avistamos uma pequena menina correndo para o quarto. Isso era um costume que se repetia, parecendo um bichinho assustado, daquele que fica à espreita e corre quando é descoberto.
Os anos se passaram e a menina cresceu. Estava então com vinte e oito anos e ainda era muito envergonhada, e os pais, logo que recebiam as pessoas já mandavam-na para os fundos da casa. Fiquei a pensar qual seria seu futuro quando os pais faltassem. Na sorte ou não, uma grave doença afetou-lhe o coração e aos trinta anos ela se foi.