inexistências de antes
aproxima-se. o leito estático. busca com o que seriam as mãos, uma das células transparentes e segura-a, como se ficasse de joelhos admirando. o geoide pulsa e contorce num dinamismo lento seus contornos amorfos. é admirável, e a sensação das mãos quer apertá-lo, e quando a força das terminações nervosas inconclusas range contra a película, o atrito sonoro é vida em ondas, e tudo se desmancha e escorre sobre as outras esferas pulsantes, e uma a uma estouram sucessivamente em matéria líquida. o corpo se unifica e ganha movimento, o leito vive, e passa e passa, desliza e desliza, carrega troncos de tempo e grandes pedras de eras, e cospe pelos cantos dos lábios areias e sementes. até o momento atemporal em que todo fluído foi tragado para onde corria, e o leito ficou seco. no fundo restaram os tapetes de seixos numerais. quando chuva, os que eram olhos olhavam, olhavam até que brotasse passados lacrimais das cavidades aéreas. os que eram pele banhavam-se nela, conforme a crença dos passados recém brotados, para sentir-se existir.