O Monstro em Mim

Não há quase nada de que goste em mim. Tantos defeitos e vícios!

Alguns devem ter nascido comigo, outros foram surgindo com o passar do tempo, contudo, existe aquele que me coroe, pois por mais que saiba que é horrível e até hediondo, adoro.

Tentei por vezes resistir ao desejo insano, mas não pude.

A pureza e a inocência alimentam minha monstruosidade.

A simples lembrança faz com que sinta o gosto doce daqueles que mal chegaram ao mundo, de seus pequenos corpos habitados pela alma imaculada.

Penso nisso enquanto caminho entre as paredes brancas.

Dirijo-me ao berçário, sem escolher pego o “pacote” mais próximo da porta.

A pequena criatura apenas suspira em seu sono de anjo.

Saio pela porta da frente e sigo para casa já com água na boca.

Meu jantar está garantido.

Miriam Castilho
Enviado por Miriam Castilho em 23/09/2010
Código do texto: T2514937
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