Premonição

Costumava ser dedicado. Parava a rotina em prol daquela mercenária. Endividava-se sorrindo, vivia das migalhas de um amor mentiroso, mas sempre arrumava uma desculpa para todos os "imprevistos". Ele adorava aquela mulher escrupulosa, que mentia com a delicadeza de um suspiro e lançava olhares furtivos ao redor, com certeza tramando a próxima cena.

Sumia por meses e meses, mas o engabelava ao telefone. E dizia coisas que um homem quer ouvir quando está entregue às lembranças de prazeres carnais. Facilmente envolvido, ele não pensava muito. Bastava que ela aparecesse, e lá estava o pobre, igual a um cachorro no cio.

Certa vez. cansado de tanta espera e de quase sempre ser enganado, um estalo de realidade percorreu sua mente. Ele ficou aborrecido. Percebeu o quanto fora tolo e marcou um encontro com ela. Lá chegando, deu-lhe um tiro no meio da cara. Está foragido. Para todo o sempre. Matou-se em seguida.

BREUER
Enviado por BREUER em 07/09/2010
Reeditado em 24/03/2013
Código do texto: T2482900
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