Palavras quebradas, poesias lançadas ao chão!!!!!

Havia um poeta na Arábia, eram poucos em 734,

mas existiam alguns, eram muitos matemáticos,

e faziam teoremas, cálculos, haviam arquitetos,

e outros eram artesãos, que lidavam com objetos de barro,

eram as panelas de hoje, e outros objetos usados muito...

Bem, a crise foi com o oleiro e o poeta...

O oleiro (eu escutei onde) dizia que aquelas palavras do seu

conhecido ( e conhecido não é o mesmo que amigo)

o que era poeta, falava dele, que suas poesias eram simplesmente ridículas... e espalhava isso aos quatro ventos orientais...

quebrava suas palavras... moía no moinho manual de seu linguajar,

sempre que podia, porque realmente para ele, eram palavras sem sentido, e feias, e ele achava que seu trabalho no barro era realmente de valor, porque eram coisas que se usavam, e aquelas palavras de poeta não serviam para quase nada!!! Conceitos errôneos!!! Mas tudo bem se guardasse seu conceito para si!!!! Era direito dele até aí!!!

Até que um dia o poeta se deparou com o oleiro, e ele falando do seu assunto principal: coisas de barro servem para alguma coisa, e palavras não servem para nada, assim como o vento ( e olha que o vento também é muito útil também, nos limites certos)... bem, neste ponto, o poeta, perto da loja do oleiro, pegou uma peça de barro, que julgou ser feia e quebrou na frente do conhecido... e que conhecido encardido... O oleiro ficou furioso!!!! "_Você quebrou algo de valor, sem mais nem menos, porque suas poesias não valem nada, mas as minhas obras de barro têm serventia, e custam dinheiro, vou levar isso a julgamento, e o que você acaba de fazer é puro vandalismo!"...

Bem, o poeta se dispôs a ir até um ancião de julgamento e dar sua defesa, e o oleiro queria ressarcimento urgente...

Ao julgar o caso com o árabe sábio, xeique, o oleiro falou primeiro o seu ponto de vista e o que aconteceu: "_Este homem quebrou uma peça de barro minha, só porque falei meras palavras contra ele, acho injusto isso e quero ressarcimento!!!!"

O juiz, ao olhar ao poeta, sem parcialidade, pois também não era poeta, disse:_Qual é seu ponto de vista e o motivo de fazer isso?

_Bem, seu honrado xeique, o julgamento deve ser justo, e só peço justiça, pois este homem vem quebrando coisas minhas há tempo!!!! Ele fala aos quatro cantos das poesias que faço, quebra-as de modo maldoso e subestima que palavras podem durar mais que peças de barro, e só por que ele não dá valor a elas, e eu bem que poderia não dar valor às coisas que ele faz de barro, então, num gesto de ímpeto, quebrei uma peça, que ao meu ver, era ridícula!!!!! Mas, realmente, minhas poesias foram mais prejudicadas com as críticas ruins dele, e ainda não fiz o tanto que ele fez comigo!!!

O juiz pensou e refletiu bem, e perguntou ao oleiro: Realmente você quebra as poesias dele deste jeito?

_Xeique honrado, palavras são como o vento, não servem para nada!!!! O que eu quebrei? Será que quebrei o ar??? Será que feri uma nuvem??? Elas não têm valor algum, mas objetos concretos têm valiosidade real, e poesias e palavras não servem para nada!!!! Muitas vezes servem para dividir dois grupos, um que ama e outro que odeia... eu estou nos que repugnam essas coisas!!!!

O xeique, meio irado, disse: Acho que você é que deve indenizá-lo!!!! Você deve ter quebrado muito mais do que ele quebrou dos seus barros, que realmente são objetos bons, mas se palavras não valessem nada, eu, que nem poeta sou, mas minhas palavras não valeriam nada também agora, não acha????? Palavras valem muito, e têm peso!!! Mais peso que o barro muitas vezes!!!! Mais concretas que estruturas de palácios!!!! Pois antes das construções materiais, antes de tudo, são as palavras que saem do pensamento que geram as construções, e o mestre de obras constroi segundo as palavras do arquiteto... se não houvesse essas palavras de ordem, palavras importantes, mesmo não poéticas, nada sairia do lugar...

Você está muito equivocado com seus conceitos!!!! Vai pagar o quanto o poeta quiser impor a você!!! O valor será de acordo com as poesias que foram quebradas!!!! Ele deve fazer os cálculos!!! Está encerrado este caso!!!!

O oleiro saiu assustado, e enquanto ouvia, sentiu um medo de algo pior, pois estava vendo o rosto enraivecido do juiz, e sentiu pavor...

caiu em si, que palavras têm valor sim, muitas pelo menos, e agora ficou aliviado que não foi executado, e sim que apenas iria pagar uma multa pesada talvez!!!!

O poeta, propôs ao oleiro o seguinte: Dá-me apenas três peças que você acha lindas, de suas próprias mãos, e vou guardá-las como lembrança, até que um dia elas nem existam mais, e enquanto isso,

talvez alguns poemas meus poderão durar mais tempo!!!! E além do mais, vou querer que você recite publicamente, em praça pública, três poemas meus, depois pode jogar fora, guardar, ou fazer a seu bel-prazer com eles, mas jamais quebre meus poemas de novo!!!

O oleiro foi obrigado a ler poemas que o poeta fez questão de fazer os mais ruins, e em público, e isso fez as pessoas olharem e escutarem quem falava tanto mal de poemas!!!! Que contradição!!!! Olha, o que diremos deste oleiro que odiava poesias????

Baseado em lembranças antigas de Malba Tahan

Wanderson Benedito Ribeiro
Enviado por Wanderson Benedito Ribeiro em 16/08/2010
Reeditado em 16/08/2010
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