Vestidos que marcam

Três horas da tarde. Um misto de medo e ansiedade apertou-me o peito. Aquele era o último dia naquela casa, naquele quarto. Quase sem querer fatos da minha infãncia vieram á tona: O balanço no galho mais alto da figueira, o vento batendo no meu rosto, o vestido esvoaçando. Gostava de voar o mais alto que podia. O Natal em que brincando de pega-pega, bati de frente com meu irmão. Meu nariz sangrou e chorei assustada com a mancha vermelha no vestido novo. A boneca de vestido rosa que falava e tanto me encantara. Foi minha filha durante anos! Um dia, esqueci o vestido dela em cima do balanço e encontrei-o molhado no dia seguinte porque chovera toda a noite. E também teve aquele vestido mágico que usei no meu aniversário de seis anos. Eu me sentia a menina mais linda do mundo!
Olhei o vestido em cima da minha cama. Nervosa, chorei. Por que não podia ter as duas coisas ao mesmo tempo? Por que tinha que por um ponto final?
Seis horas da tarde. Ao lado de meu pai parei na porta. A marcha nupcial invadiu o ar e encheu a igreja.
Num mágico vestido branco, caminhei lentamente. Sorri!