Um conto sem fadas em dois tempos

Ela sonhava o príncipe. Ele chegou. A cela nas costas, esfarrapado, do cavalo branco nem uma foto. Não havia sido muito nobre. Só por dentro e raramente. Muita estrada na vida do coitado. Seu reinado se perdera.

Prenhe de ingenuidade, se aliara a uns tipos suspeitos, pareciam amigos e o foram levando pro calabouço. Passou maus bocados. A princesa e os súditos à deriva do seu poder. Um alter-ego o ajudava a sofrer menos, como se debaixo da máscara a dor tivesse outra cara.

Muitas luas se passam nesse proceder. Um dia, eis que quebra as grades, sai impávido. Nem olha pra trás. Corre para os braços da princesa, finalmente liberto, na esperança de ela ainda guardar as chaves do seu coração.

Encontra a porta fechada e o peito ainda mais trancado. Ele sofre, quase sucumbe, mas retoma a vida, afinal aprendera. Agora um simples plebeu que sabe bem aonde ir.