SEXO (das borboletas)

Uma borboleta saiu do seu casulo. Tinha asas azuis, sem detalhes. Doida para voar, percebeu que as outras borboletas estavam em pares, o que dificultava muito seu primeiro vôo, uma vez que estava só no mundo. Olhou ao redor, todas sorriam, de variadas cores... Mas ainda assim tentou voar. Uma vez, outra, e nada. Caiu como uma folha seca e lá no chão encontrou uma formiga, que lhe disse:

__ A senhorita pecisa de outro par de asas. Um cor-de-rosa talvez, pois essa daí é muito triste, espanta-marido.

__ Vou saber me virar sozinha pois sou uma borboleta independente. E assim passaram-se os dias. A borboleta encontrava muitas formigas, umas legais e outras impertinentes, que sempre perguntavam o porquê dela andar só. Mas teve um dia que, cansada das formalidades do mundo borboletístico, botou na cabeça que seria a única que voaria sozinha, mas voaria. Escolheu um formigueiro bem alto e dele se soltou. Um vento arrastou a pobrezinha para muito longe. Desacordada, se encontrou numa árvore de ipê. E lá havia um casulo. Como era bom ter alguém da mesma espécie por perto em uma situação de perigo. Foi ver quem iria sair de lá. Talvez seria outra borboleta sem cores berrantes. Esperou por muito tempo, até que dormiu de cansaço. Ouviu um barulho durante a noite, acordou e viu o casulo se mexendo. Risos e gritinhos de dor fizeram a nossa borboleta pensar que lá dentro havia outro ser. Enorme foi o espanto, quando o casulo se reabriu e lá estavam uma borboleta vermelha e uma cor-de-rosa, que tinham acabado de fazer amor.