SAUDADE
SAUDADE
Como era bom passar a noite nos braços dele! Parecia um sonho quando me abraçava, sentia-me segura naqueles braços fortes, e as suas mãos sempre a me acariciar o corpo no momento de amor. Mas eu sabia que tudo aquilo seria por pouco tempo, por isso me entregava cada vez mais com medo de perde-lo naquele instante. Deixava-me levar mais pelo amor que pelo instinto. Sentia um enorme, um inexplicável prazer quando ele beijava meus lábios, meus seios. Porém, um medo se apoderava de mim, sabia que ele não seria meu para sempre. Queria-o como nunca. Sentia-o. Às vezes ele me beijava freneticamente como se estivesse desesperado, então eu queria mais, eu pedia mais e ele me dava... eu também estava desesperada, estremecia, agitava-me na cama, e quando alcançava o clímax, sentia estar nas nuvens de tanta felicidade. Sorria, ele também sorria. Éramos felizes. Eu pelo grande amor que nutria por ele, e ele pelo simples fato de fazer amor. Não me amava, nunca me amou, mas mesmo assim eu me entregava para satisfazer os nossos desejos. Tive, muitas vezes, vontade de sair dali, de deixa-lo e nunca mais aparecer, porém, o meu amor era mais forte que tudo. Se um dia um de nós tivesse que deixar o quarto, seria ele. Mas isso não foi tão fácil de acontecer, porque ele precisava, de uma certa forma, do meu amor. Quando amanhecia, abríamos a janela e ficávamos olhando o céu azul e o mar que ficava defronte ao apartamento. E quando chovia, olhávamos a água que caía sobre as fortes ondas do mar. Palavras eram poucas mas sempre que surgia um diálogo, as primeiras eram minhas e sempre começava com a mesma frase:”Meu amor...”
Foi numa noite fria que ele me deixou com o pretexto de voltar para sua casa, dizendo estar com saudade da família. Que podia eu fazer? Deixei que fosse... Com um nó na garganta, me despedi dele com um beijo na sua face, disse-lhe que desejava muita felicidade, que quando quisesse voltar, podia. Saiu em silêncio... Fechei a porta e deitei, sem saudade ou com uma saudade escondida, talvez eu não quisesse sentir. Fechei os olhos.
No dia seguinte fui à praia, nadei, tomei sol como se nada tivesse acontecido, sentia-me feliz pois o que mais desejei eu consegui: possuir o homem que mais amei, ou melhor, o único. Ele também me possuiu, me teve nos braços, fez de mim o que eu queria ser: uma mulher!
Não me arrependo de nada, afinal não tenho do que me arrepender. O que dói é saber que ele não volta mais, mas o que importa? Sou feliz, mas de uma felicidade que já passou, que não significa mais nada, sou feliz porque sinto saudade do homem, que um dia, sem dizer adeus, deixou-me cheia de esperança, e ao mesmo tempo, deixou a lembrança de um passado muito feliz, repleto de saudade!
Kátia Susana Perujo.