Mãe é mãe. (Texto 19 da série Pequenas Histórias Encantadas)
Hoje fui chamada para resolver uma situação inusitada e delicada. Foi assim que a diretora daquela escola começou a sua história. O rapazinho, pré adolescente, era o único que tinha celular na classe. E aí, conversa vai, conversa vem, uma voz lá do fundo disse: só ele tem celular porque a mãe dele é dona de dois puteiros. A professora fingiu que não ouviu e mudou de assunto guiando a atenção da turma para outros temas. Nem prestou atenção e se tivesse prestado nem teria ouvido porque o herdeiro dos puteiros falou baixinho em seu objeto de desejo dos outros: “- mãe, o Chiquinho disse pra todo mundo que só eu tenho celular porque a senhora é dona de dois puteiros.” Bom, o tempo passou e eu em minha sala de nada estava sabendo. Até que vieram correndo me chamar: a empresária do sexo pago tinha invadido a sala para dar uma surra no Chiquinho. Quando eu cheguei lá estava ela, esbravejando enquanto a pequena professora tentava segurá-la. Gritei para que parassem com um grito que eu antes nunca havia dado. Quem mais se espantou com o meu grito fui eu mesma. Mas, os alunos, a professora e a madame ficaram como se estivessem petrificados. Foi então que eu não agüentei e comecei a rir. Lá estava ela: o cabelo tingido e preso em um rabo de cavalo, Um vestido preto com bolinhas brancas dois palmos acima do joelho, estilo balonê.Um decote que se alguém quisesse olhar daria para ver o umbigo e os seios pareciam que iam saltar para fora das cavas da roupa. Os brincos, balagandãs vermelhos, sapatos altíssimos também vermelhos e as unhas pintadas de preto com bolinhas brancas. Parecia uma galinha protegendo seu pintinho e avançando em direção a um menino apavorado. E não fui só eu que achei isso porque um dos alunos resolveu imitar um galo, cantando bem alto. E a turma, a turma toda desandou a rir e a fazer Cocorico co co.... Voz e segunda voz.