O menino desaparecido.
( em Pequenas Histórias Encantadas /13)


O menino era um verdadeiro moleque. Andava por onde não devia andar. Nadava no rio que passava no fundo da casa da avó, subia em telhados, pulava muros, essas coisas que todos moleques fazem e que quase matam as mães do coração. Um dia ele não voltou para casa na hora em que deveria voltar. A mãe foi até a janela e começou a gritar: Tarcíziooooooooooo! Quando a mãe fazia isso o eco levava o chamado até os filhos, onde estivessem. E eles vinham correndo que a mãe era brava. Quando o eco voltou sem trazer o menino a mãe começou a se  desesperar. Primeiro foi o pai que saiu a procura. Depois os tios e os primos e a família toda. Logo a  cidadezinha inteira saiu para participar da busca, vasculhando as margens do rio, lagoas, casas abandonadas. E nada. Não havia mais o que fazer. Até que alguém teve a brilhante idéia: subiu na grande pilha de sacos de farinha estocados na pequena Padaria do pai do menino e olhou pela janelinha que levava para o forro da casa: lá estava ele, o menino fujão. Nessa noite ele não apanhou e nem ficou de castigo. O susto tinha sido grande.
 
(em memória de meu irmão José Tarcízio Alves de Melo)