Série - Aos doze anos...
Aos doze anos...
Jaiminho já trabalhava duro em uma carvoaria...
“se você juntar estes dois tocos, terá um lindo boneco de carvão, filho...”
Clarinha já sabia o que iria fazer da vida:
“meu sonho é ser médica... e puta...”
Jorginho sentia o capitalismo selvagem pulsar em suas veias.
“quer dizer que a fada dos dentes da um real por cada dente? hum...”
Junior aprendia que alguns sonhos não poderiam ser realizados.
“mãe, vou escrever pro Papai Noel pedindo uma bicicleta para eu ir pra escolinha de futebol”
“Juninho, contente-se com sua cadeirinha de rodas, filhinho.”
Marcinho entrava em uma crise de identidade.
“fico tão bonito com essa roupinha da minha Irmã.”
Denis descobria sua vocação para manter a lei e a ordem.
“entrem logo nessa fila seus meliantes, senão o coro vai cume aqui....”
....
“pronto fêssora a fila esta em ordem..”
Serginho se tornava um homem religioso.
“mãe, para de me bater pelamordedeus... eu vou ser bom.. eu vou bonzinho...”
Os irmãos Silva brincavam de jornalistas.
“vamos ver o que o papai e a mamãe tanto fazem nesse quarto e contar pra todo mundo”
“vamo mano”
Joana e seu primo faziam promessas.
“não conta para ninguém que eu deixei você ver minha calcinha.”
“se você não contar que pegou no meu peruzinho...”
Juca descobriu para que serviam aqueles papos de anjo Jontex de sua mãe.
“agora vem cá ,Juquinha, deita com sua titia...”
Bruno já sabia que queria ir para o inferno. Estava cansado de tanto ver a chave do paraíso do padre Agenor entrar na sua fechadura.
Uma praga terrível assolou o galinheiro da casa dos Pereira. Todos os dias, duas ou três galinhas apareciam mortas, aparentemente sem nenhuma causa. O estranho foi a praga cessar coincidentemente quando Leozinho conheceu Carminha e, com ela, começou seu primeiro romance.
Mariazinha largou de brincar com bonecas, começou a brincar com garotos e a visitar clinicas de aborto clandestinas.
Rafinha encontrou uma garrafa e descobriu o sentido da vida.
“nossass, que zefrigerante mais zoztoso. Tonturinha boaaaaa...”
Mateus descobriu do que as mulheres gostam.
“passeia comigo Renata?”
“hoje não. Vou sair com o Fernandinho. Ele tem uma bicicletinha.”
Jorge se apaixonou por cirurgia médica.
“eu rasguei o sapo e tirei duas aleluias lá de dentro, papai.”
“que legal filho. Um dia você poderá costurar pessoas como o papai.”
Abelardo arrancou as patas de uma barata e apaixonou-se pela ciência.
“corre barata!”
...
“relatório final. Barata quando perde as pernas fica surda”.
Montado em minha bicicleta, fui parar na Casa da Madame Cida. Apesar de minha pouca idade, menti como um adulto para aquelas moças bonitas e alegres. Elas fingiam que acreditavam em mim.
Então, a Tia Jéssica deixou que eu chupasse seus peitos. Foi minha viagem sem volta para o mundo dos homens. “Se for preciso trabalharei a vida toda para comprar outro desses...” Pensava enquanto minha língua viajava rumo à sua calcinha.