A bomba atômica e a barata
Uma história do Joãozinho
Joãozinho e sua mãe chegaram em casa, e Joãozinho correu, animado, célere, como um serelepe, como seu pai dizia-lhe, à sala, onde seu pai assistia à televisão, e nem bem o viu, pulou-lhe, por sobre as costas do sofá, nos ombros. Seu pai abraçou-o, e participou da brincadeira, e perguntou-lhe como foi o dia de aula na escola. Joãozinho falou-lhe das brincadeiras e do que havia aprendido, naquele dia, com a sua professora, e perguntou ao seu pai o que ele assistia à televisão, e seu pai disse-lhe:
- Um programa de ciências, Joãozinho.
- Legal? – perguntou-lhe Joãozinho, curioso.
- Sim. Muito legal.
A mãe do Joãozinho entrou na sala, e saudou seu marido, e sentou-se no sofá, ao lado de Joãozinho, ficando Joãozinho entre seu pai e sua mãe.
- Assisti a um programa muito legal – prosseguiu o pai do Joãozinho. - Amanhã, Joãozinho, você poderá, na escola, contar para os seus amigos e para a sua professora o que eu vi.
- Ao que você assistiu, papai? – perguntou Joãozinho, a curiosidade excitada.
- Um documentário sobre bombas atômicas, que tratou do que poderá vir a acontecer, no mundo, se os Estados Unidos, a Rússia, a China, a França, a Inglaterra e Israel detonarem, em uma guerra mundial, todas as suas bombas atômicas. Todo o mundo será destruído. E os homens e todos os animais morrerão, menos um, a barata.
- A barata? – perguntou Joãozinho, incrédulo.
- Sim, a barata – respondeu o pai do Joãozinho – As baratas são animais muito resistentes. Nem a bomba atômica pode matá-las. Após uma guerra nuclear, apenas as baratas sobreviverão.
Na sequência, o pai do Joãozinho falou do documentário para seu filho, que estava muito curioso e muito fascinado. Quem diria! Animais tão pequenos, as baratas, sobreviveriam à explosão de milhares de bombas atômicas!
Após ouvir seu pai, Joãozinho rumou ao banheiro, enquanto seu pai e sua mãe permaneceram, na sala, conversando.
E Joãozinho entrou no banheiro. De repente, o pai do Joãozinho e a mãe do Joãozinho ouviram ruídos de pancadas fortes, na parede, ou no chão, do banheiro, e levantaram-se do sofá, e iniciaram a corrida rumo ao banheiro, para verem o que havia acontecido com Joãozinho. Não haviam chegado à porta da sala, quando Joãozinho, todo pimpão, como Júlio César ao regressar à Roma após a conquista da Gália, mãos à cintura, peito inflado, todo cheio de si, a sorrir de orelha a orelha, assomou à porta. E detiveram-se o pai do Joãozinho e a mãe do Joãozinho.
- O que aconteceu, Joãozinho? – perguntou o pai do Joãozinho, curioso e preocupado. – Ouvimos barulhos.
- O meu sapato, papai, é mais poderoso do que uma bomba atômica – contou Joãozinho, todo cheio de si, peito inflado, nariz empinado. – Vi, no banheiro, uma barata, e nela pisei com o sapato, que a esmagou, e, eu a arrastá-lo no chão, fatiou-a. Levantei meu pé, e vi, no chão, muitos pedaços de barata. O meu sapato matou uma barata. O meu sapato é mais poderoso do que uma bomba atômica.